Foto: Divulgação/Portuguesa

A Portuguesa está no rumo na Copa Paulista 2023. Dona de um esquema consistente de jogo, com boa articulação defensiva e perigosa no campo de ataque, a Lusa treinada por Leandro Zago está dando certo. Mas o que mais me agrada nessa equipe atualmente, além da consciência dentro de campo, é a força mental. Explico.

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Não é a primeira vez que a Lusa engata um bom caminho em competições. E isso vale tanto para campeonatos mais pomposos como para aqueles cujo apelo midiático e das arquibancadas é menor.

Mas o que invariavelmente acontecia quando a Portuguesa passava a ser referência no certame? Da porta do Canindé para fora, desconfiança. Com frases do tipo, “será que agora vai?”, “cavalo paraguaio”, “fogo de palha” e assim por diante. E da porta do Canindé para dentro, imperava o oba-oba, com direito a “somos os melhores”, “o fulano de tal é craque” e tantas outras expressões.


Sob o comando de Zago, não se ouve isso. Ninguém fala assim. Não há o clima de já ganhou entre nenhum jogador. Mesmo nas coletivas de imprensa, há seriedade, concentração e entendimento de que o caminho será longo e provavelmente com alguns percalços. A mim, essa postura vale ouro.

Vale, porque mantém o time com os pés no chão. Vale, porque encaixa os comportamentos eufóricos nos seus devidos lugares, quais sejam: torcida e dirigentes. Vale, porque a Portuguesa não pode errar nesse campeonato. A Associação Portuguesa de Desportos desesperadamente necessita de vaga em competição nacional em 2024. Sem isso, o projeto de reconstrução não se realiza. Não acontece.

Edgard Montemor, o executivo de futebol, também me parece discreto na medida certa. Não surfa no sucesso até aqui do campo. Mantém a equidistância necessária e pouco se ouve nesse momento em que tudo funciona muito bem, obrigado.

Até porque se pronunciar agora vai parecer oportunista. Falar em momentos complicados faz parte do job description, como diriam os ingleses. Traduzindo, é um pedaço do duro trabalho em ser dirigente de futebol.

Digo mais. A discrição do elenco, do técnico e do dirigente remunerado me parece ideal e muito, muito, adequada. É vital até para que a Lusa entre consciente, responsável e soberana no mata-mata que se avizinha. Porque não será fácil beliscar o caneco. Olhando para os demais grupos, fica evidente que Mirassol, Noroeste, XV de Piracicaba, Portuguesa Santista e o próprio São José despontam como rivais da Lusa na busca pelo título da Copa Paulista de 2023. E torcedor, não será fácil.

Portanto, quando se tem noção do tamanho do desafio, comemorar pequenas conquistas é saudável. Bater bumbo é cutucar a sorte com vara curta, porque chuta para o escanteio a entrega, a concentração e o senso de realidade. Sem esses três elementos, a Portuguesa não vai obter seu objetivo, que é vencer o certame e finalmente voltar à uma série nacional no ano que vem.

* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA

13 comentários

  1. Entendo quem critica o time argumentando que não está apresentando um bom futebol, principalmente do meio para a frente.
    Entendo que passada essa fase os adversários serão mais difíceis.
    Entendo que, normalmente, quem joga um melhor futebol vence o jogo.
    Às vezes, não!
    Por isso acho que nessa Copa Paulista, o importante é ganhar.
    Jogando bem ou jogando mal, para mim tanto faz, desde que se conquiste os 3 pontos.
    O Brasil em 82 jogou o fino da bola e acabou ficando chupando o dedo.
    A Itália com um futebol medonho foi campeã e botou mais uma estrela na camisa.
    Nossa estrela será participar da série D no ano que vem.

  2. Concordo com o Capela em tudo que ele disse, mas faço uma ressalva em relaçao ao time. Precisamos, para enfrentarmos o mata mata contra equipes mais categorizadas, dois jogadores fundamentais, um centro avante e um meia de articulaçao. 9 e 10. Se nao, correremos o risco de morrermos na praia.

  3. Concordo com seu posicionamento chara, mas que esse conjunto está me empolgando, está. Fazia muito tempo que não me empolgava tanto em assistir seguidamente aos jogos da Lusa. Não me lembro de tantas vezes comprando os ingressos com antecedência. Se a Portuguesa vai realmente chegar ao objetivo eu não sei, mas há algo diferente no ar e é algo bom.

  4. Lidamos com duas vertentes. A primeira diz respeito a ganhar. Sem dúvida este é o objetivo maior, aquele que nos levará à outra fase do torneio e, nesta vertente, alcançamos um sucesso estrondoso. A segunda é aquela alimentada pelas nossas esperanças. Na minha opinião, ainda estamos aquém do necessário e do suficiente para enfrentarmos os adversários da etapa seguinte. O time terá que ter uma performance bem melhor daquela apresentada até aqui. É ´timo que o clima nos bastidores seja harmonioso, seja compenetrado, seja de muito trabalho e dedicação, seja coletivo e bem dirigido e coordenado. É, de fato, um grande passo para o sucesso, mas deverá ser refletido no campo. O campeonato começa na segunda fase!

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