Maurício Capela: Dois atos separam a Lusa da SAF

Apresentação para a torcida contagiou o clube, cujos poderes têm reuniões marcadas para quarta e quinta-feira dessa semana; se o COF der sinal verde, a chance de o Deliberativo vetar cai e cai bastante, acredito

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Foto: Divulgação/Portuguesa

Quarta-feira. 13 de novembro de 2024. Salão Nobre do complexo do Canindé. Eis o primeiro ato quanto à Sociedade Anônima do Futebol (SAF) na Portuguesa. Com a minuta contratual dos postulantes à posição de novo mandatário da Lusa já devidamente analisada, os membros do Conselho de Orientação e Fiscalização (COF) vão dar seu parecer. Trocando em miúdos, para onde se vai?

+ Tiago Cabral: Qual Portuguesa nós queremos?

Quinta-feira, 14 de novembro de 2024, Salão Nobre do complexo do Canindé. Eis o segundo ato da SAF na Lusa. Agora, será a vez do Conselho Deliberativo, que de posse da orientação dos cofistas, vai votar se a Portuguesa vira SAF ou não?

Minha aposta? Se o COF sinalizar positivamente, penso que a Portuguesa será SAF em 2025. Agora, se houver algum ponto importante em desalinho, fruto desse escrutínio solicitado pelos poderes do clube, a nau rubro-verde não vai navegar por mar algum.

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Parece óbvio, mas não o é. Até porque o Deliberativo pode desaprovar, mesmo tendo uma orientação de “pode seguir” do COF em mãos. Inclusive, não me surpreenderia, dada a maneira como a política se comporta no clube.

Nota do Autor: Em minha página no Instagram, @mscapela, fiz algumas ponderações a respeito do projeto da Tauá e Reeve. E que obviamente não me repetirei, apenas em um ponto: a governança da SAF na Lusa. Nesse, acredito que vale reflexão.

O fato é que a Portuguesa vai ficar com 20% da SAF, caso a proposta seja aprovada. E penso que existem pontos sobre governança que ainda não me são claros. A saber:

  1. Haverá a formação de um conselho para orientar e fiscalizar a direção executiva da SAF?
  2. Se sim, esse conselho terá quantos assentos?
  3. Dessa totalidade, como será feita a divisão de cadeiras entre Portuguesa Clube, Tauá, Reeve e XP?

Pegando carona no que disseram os membros da Tauá no encontro com a torcida rubro-verde no meio da semana passada, “é uma empresa”. Muito bem. Assim sendo, haverá divulgação de resultados trimestrais e/ou anuais, auditoria contratada e conselho de administração, certo? Tudo como manda os melhores manuais de administração do Brasil e do mundo, correto?

Depois, em sendo minoritária, a Portuguesa Clube terá participação decorativa ou alguma voz? E não há problema algum em ser minoritária, desde que tenha voz, de fato.

O que eu quero dizer com voz? Que pontos importantes do cotidiano, como, por exemplo, orçamento para o futebol em 2025, localização da nova sede do clube, último jogo da Lusa no Canindé estejam na pauta de um conselho. Assim, ela e os demais podem naturalmente externar seus pontos de vista.

Parece pouco à primeira vista, não é? Mas acredite, torcedor, não o é. Porque toda reunião de conselho gera pauta, e toda pauta é registrada. Quando está tudo bem, está tudo bem. Mas quando há problemas de natureza relevante, um dos primeiros documentos a ser acessado por auditorias, por exemplo, é a ata da reunião desse hipotético conselho.

Vai por mim. Sem galhos em ser minoritário. Mas ter uma governança a pleno funcionamento, conselho atuante e estar nele é importante, porque, além de se constituir o órgão, haverá regramento.

Trocando em miúdos, o pior dos mundos para a Lusa nesse processo seria deixar o modelo atual e adentrar em um regime complicado, de manda quem paga, obedece quem recebe. Nem as relações trabalhistas desse século funcionam dessa forma. É preciso haver diálogo, construção de pontes e entendimentos.

Pela apresentação da turma da Tauá, feita no meio da semana passada, a inclinação vai na direção do diálogo e na construção de pontes. Que assim seja e permaneça.

Porque uma SAF exitosa na Lusa trará muitos benefícios. Primeiro, o óbvio: o início do reerguimento rubro-verde dentro de campo. Depois, dando certo, aumenta a credibilidade em direção à adoção do modelo. Terceiro, reforça o futebol brasileiro, porque teremos mais um ator com capacidade de investimento. Isso somente para ficar nos pontos óbvios.

Agora, tem a mídia. E como tem. Tanto que é curioso notar como a Lusa voltou com força no noticiário, o que mostra o peso de sua camisa. E a torcida? Bem, a torcida não se apequenou. Pelo contrário. Trouxe para si parte da responsabilidade em criar uma alternativa ao seu time de coração. E isso é muito relevante. Extraordinariamente relevante.

* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA


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