A Portuguesa está nas quartas-de-final da Copa Paulista de 2024. Mesmo em meio a remontagens de elenco no meio da competição, mesmo com um orçamento para lá de apertado, o time treinado por Alan Dotti tem se mostrado competitivo e resiliente. Fundamentalmente, resiliente.
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Diante do São Bento de Sorocaba, nas oitavas-de-final, esteve sereno ao longo dos mais de 180 minutos de disputa e não titubeou na cobrança de penalidades máximas. Um feito.
Agora, pela frente, a equipe rubro-verde terá o XV de Piracicaba. Historicamente, um adversário difícil e controverso. Controverso, porque em edições anteriores da própria Copa Paulista, lances polêmicos marcaram o confronto. Sem contar a histórica partida do gato e o apagar das luzes no Estádio do Canindé no fim dos anos 80 do século passado. Mas isso é história.
Por outro lado, a Lusa de Alan Dotti vai enfrentar uma agremiação, que se classificou em segundo lugar no Grupo C, somando 13 pontos. Bem abaixo dos 19 pontos da Portuguesa, que passou para as oitavas em segundo lugar no Grupo E.
Com o quinto melhor ataque na fase de grupos, com 10 gols, o XV de Piracicaba tomou apenas 6 tentos no certame, o que lhe conferiu o quinto melhor desempenho ainda na etapa classificatória. Só para se ter uma ideia, a Lusa marcou 14 gols e levou apenas 5 na primeira fase do torneio.
Mas agora é mata-mata. E a Lusa tem problemas para esses dois confrontos, sendo o primeiro em seus domínios e o segundo em Piracicaba. Qual seja? O atacante Maceió.
Com 7 gols no certame, artilheiro até aqui da Copa Paulista de 24, o atacante se foi do Canindé. Voltará ao São Caetano e somente retornará a Portuguesa em janeiro de 2025, quando outro vínculo com o clube passará a valer. Enfim, coisas do futebol brasileiro.
O fato é que se trata de uma perda e tanto para o treinador Dotti, que apresenta virtudes nessa competição. É um técnico que não teme em mexer em seu esquema de jogo. É um treinador que lida bem com as sucessivas e inesperadas trocas em seu elenco e que vai se consolidando como alternativa importante nesse projeto de reconstrução da Lusa, que terá o seu ápice no ano que vem, com a tão sonhada combinação primeira divisão do Paulista e finalmente a Série D nacional.
Gosto honestamente da maneira como Dotti enxerga o futebol. Monta seu time em linha com adversários e não com crenças fixas de esquema tático. Algo raro no futebol brasileiro de hoje.
A Lusa de Dotti apresenta deficiências? Claro. Mas são muito mais de ordem técnica do que efetivamente tática.
Tanto que tenho opinião muito clara sobre esse relacionamento Dotti e Portuguesa. O atual treinador da Lusa deveria virar uma espécie de comissão técnica permanente do clube, algo na linha Milton Cruz no São Paulo.
Eu sei, eu sei, o cobertor rubro-verde é curto e movimentações dessa envergadura são arrojadas para o atual padrão do time. Mas é aquela história. O sucesso de amanhã vai se construir a partir das tomadas de decisão corretas do hoje. E a meu ver, vale o esforço.
* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA