Assim que o jogo começou, a torcida da Portuguesa, em bom número no Morumbi, percebeu que a noite não seria fácil. A aposta de se fechar e explorar os contra ataques já não era segredo para ninguém. Mas faltou cumprir com essa segunda parte do plano.
+ Mazola Júnior admite atuação ruim da Lusa diante do São Paulo
Como dizem no futebol, o time iria jogar por uma bola. Mas não precisa levar o bordão à risca. Ou pior. No primeiro tempo inteiro, não houve uma escapada sequer, um lance de perigo que incomodasse o time do São Paulo.
Piorou depois que o Luciano abriu o placar. Um time com a proposta de jogo da Portuguesa não pode se dar ao luxo de tomar um gol de bola parada. Um escanteio no primeiro pau, com o adversário subindo sozinho para cabecear. A torcida ainda tentou responder e gritar mais alto ao tomar o gol. Em vão.
O primeiro gol destacou as fragilidades do time. Com a bola, dificuldade para criar perigo e até mesmo manter um mínimo de posse no ataque. Sem ela, cedeu espaços para o São Paulo, principalmente pelas laterais.
O segundo e o terceiro gol era apenas questão de tempo. E surgiram justamente pelas laterais. O segundo, após ótima jogada individual de David, que deixou Madison, Pará e Bruno Leonardo para trás e cruzou para o Galoppo completar. No terceiro, Thallyson deixou o Nestor entrar como quis na área e ele acabou derrubado por Madison. Mais um gol do Galoppo na cobrança de pênalti.
Como destacou o Mazola Jr na coletiva, poderia ter saído mais. E, ainda assim, o treinador só mexeu no time aos 20 do segundo tempo. É certo que ele não tem o melhor elenco nas mãos, mas a permanência da Portuguesa também passa pelo melhor aproveitamento possível do que tem.
Marzagão poderia e merecia ter sido titular? Acredito que sim, ainda mais depois da partida que fez contra o Red Bull Bragantino. Isso mudaria a dinâmica e o resultado do jogo? Provavelmente não.
Daniel Costa poderia ter entrado antes? Talvez. Aliás, de positivo, além da torcida, somente o passe do Daniel para o gol de honra do Lucas Nathan. Bela assistência daquele que é o jogador mais criativo do elenco.
Após o apito final, aqueles que teimaram em ficar até o fim do jogo, ainda tiveram que esperar mais um tempo de 45 minutos para sair do estádio. E, quando enfim foi liberada pela Polícia Militar, a torcida, mesmo cansada e desapontada, ainda tirou da garganta uma última declaração de amor ao clube. Aos gritos de “Lusa, Eô”, a torcida da Lusa deixou o Morumbi.
E o sentimento tem que ser esse mesmo, é preciso levantar a cabeça. Por mais que tenha sido dolorido, o nosso campeonato não é contra o São Paulo. E no domingo já tem confronto direto com o Água Santa. Faltam mais 8 jogos.
Por fim, aproveito para adaptar a frase de Rogério Ceni, que dá o título a essa resenha: essa torcida tem uma vontade desgraçada de torcer.
* Gabriel Fernandes, ou GabiLusa, como apelidou o Professor Antônio Quintal, tem 26 anos e nasceu no ano do vice-campeonato brasileiro, em 96. É jornalista formado pelo Mackenzie e apaixonado por futebol e pela Portuguesa. Agora também tem um cantinho aqui no NETLUSA para dar uns pitacos e conversar com a torcida que ele aprendeu a amar desde muito cedo.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA