Fotos: Divulgação/Adidas

Tempo. Muito já se escreveu sobre ele. Há quem veja o tempo pela janela dos números, contabilizando de maneira consciente os segundos, os meses, as décadas. Outros preferem dar ao tempo o status de sensação, funcionando como uma linha que pende entre o pesar e a alegria. É o tempo.

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Nessa semana, entrei em sua máquina, depois que a Portuguesa firmou um acordo com a fabricante alemã de material esportivo Adidas. O relógio da vida voltou algumas décadas e fui parar em um lotado Estádio Dr. Paulo Machado de Carvalho. O ano era 1984 e o dia era sábado. Um sábado à tarde, mais precisamente quatro da tarde. O adversário? Um velho conhecido, patrício, o Clube de Regatas Vasco da Gama. 

Era uma fase de mata-mata do Campeonato Brasileiro. Quartas-de-final. E a Portuguesa tinha alguns jogadores de extrema categoria, casos do zagueiro Leiz, do lateral-esquerdo Ordilei e do meia Mendonça. Mas era o Vasco do Roberto Dinamite, do Arthurzinho e companhia. Por óbvio, portanto, a partida estava longe de ser classificada como fácil. Seria, como de fato, foi, em que pese o placar elástico de 5 a 2, com erros de arbitragem, um jogo muito disputado.


Mas não se trata aqui da partida. Se trata da camisa verde-encarnada. Àquela do Brasileiro de 1984 era de um bom gosto admirável. Listras largas que poderíamos naturalmente classificar como faixas em verde e vermelho. Escudo bem desenhado. Enfim, um uniforme que representava o que era a Associação Portuguesa de Desportos.

Garoto que era numa época em que o marketing esportivo sequer existia, nem passava pela minha cabeça ter essa camisa. Primeiro, porque mal sabia como comprá-la. Eram outros tempos. Tempos em que encontrar camisas de futebol assim não era exatamente uma tarefa natural. O sujeito tinha que estar disposto a ir às compras. 

Quase quatro décadas depois dessa tarde de sábado, a Portuguesa voltou a estar no radar da Adidas. Mais um feito nesse bom momento em que se encontra. Mais um reconhecimento da tradição da Lusa no cenário esportivo nacional. 

É claro que essa camisa faz parte do projeto Alma da marca, que certamente vai abarcar outros clubes. Inicialmente, pelo que deu para entender não se trata de um fornecedor de material esportivo. Trocando em miúdos, a Lusa não vai jogar de Adidas a Copa Paulista de 2022.

Mas o que isso importa? Nada. O que importa aqui é que finalmente depois de tantos e tantos anos, a Portuguesa voltou a estar no radar. Voltou a capturar o olhar de grandes marcas e isso é o bastante por ora. 

O que vale nessa história toda é que agora você, torcedor da Lusa, poderá entrar em uma loja Adidas de um shopping qualquer e se deparar com a Cruz de Avis. E isso tem muito valor. Tem, porque a camisa é bonita e vai chamar a atenção de quem torce e de quem simpatiza. E até de quem não torce.

A Portuguesa, meus caros, endireitou a proa da nau. Se manter a seriedade, a tendência é que vamos voltar a navegar em mares já navegados e até naqueles nunca d’antes navegados também.

* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.

6 comentários

  1. Ressurgimento essa é a palavra, o Gigante acordou.
    Vamos que vamos, com trabalho serio, contas em dias e principalmente seriedade no que se faz, vamos aos poucos voltar mais fortes do que antes !

    Eu acredito!!

  2. Grande jornalista, escreve com o coração, como Nascimento do G1, que possuem não só a inteligência mas também a emoção ! Tenho agora 62 anos e vivi intensamente essa época de Pacaembu, onde éramos temidos, respeitados e sempre dando trabalho prós grandes !!!! Éramos também grande !!! Acredito que ainda verei minha Lusa trilhar esse caminho !

  3. Mais um texto inspirado e brilhante de Maurício Capela! Em tom de brincadeira, modestamente, eu digo que a Lusa tá na moda e todos estão reparando nela!!!

  4. Senão me engano, no segundo jogo foi no Rio e o primeiro tem estava 2×0 para a Portuguesa.
    Lembro do Toquinho jogando, mas eles viraram o jogo e o 3o. gol da Portuguesa foi feito pelo Ramirez. Foi Vasco 4×3 Portuguesa. Estava assistindo na tv com o meu pai.

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