O jejum de vitórias chegou ao fim e a Portuguesa voltou a brigar pela classificação no grupo A do Campeonato Paulista. Boa parte dessa retomada de ânimo e fôlego tem nome: Pintado. De contratação questionada a eficiência dentro de campo, o técnico implementou um time que demonstra estratégia e entrega. Duas palavras que nem sempre andaram juntas nas primeiras rodadas do certame.
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Mas onde estaria o pulo do gato de Pintado? Simples. Ele reside na coragem em alterar esquema de jogo e peças.
A Portuguesa praticamente saiu de um clássico 4-3-3 para um 3-5-2 ou até 3-6-1 com alguma tranquilidade. Em parte, porque o elenco de hoje possibilita a qualquer treinador promover mudanças. Há mobilidade nas peças. Quer um exemplo?
Giovanni Augusto. De meia a atacante por dentro, o atual camisa 10 rubro-verde reúne predicados que possibilitam a Pintado tais mexidas. Quer outro? A base.
Pode se questionar o estágio da garotada rubro-verde, mas não a qualidade. Tudo bem, tudo bem que o Paraizo não poderia ter perdido a possibilidade de fazer o segundo tento diante do Guarani, tudo bem… Mas vejamos por outro ângulo. Há mais mobilidade no campo de ataque.
Além de Paraizo, Talles entrou, convenceu e dominou a lateral direita, proporcionando um duelo interessante com Borel. Patrick, agora com uma marcação mais robusta no meio de campo, pega melhor no sistema defensivo. Aliás, o trio de zaga deste domingo merece reflexão de Pintado.
Marco Antônio, Patrick e Robson foram ágeis nas coberturas e seguros no embate. Possibilitaram aos laterais maior liberdade e isso, sem dúvida, traciona a Portuguesa em campo. Sem contar que Tauã e Ricardinho no meio de campo compõem um rol de “morde e assopra” que a Lusa necessitava há tempos.
Trocando em miúdos, é claro que o time melhorou. Não só pelo resultado, mas pela pegada no gramado. Agora, falta um tanto ainda.
Falta assertividade no ataque. Falta sincronismo entre meio de campo e saída rápida de jogo pelos lados. E falta ajustar, mas aí é ajuste mesmo, entre volantes e zaga.
Mas tem outra. Quando Pintado tiver Chrigor e Victor Andrade à disposição, como peças de reposição ou mesmo de titularidade, a equipe vai ganhar em qualidade e mobilidade. Fato.
Portanto, a Portuguesa com esses quatro pontos conquistados em dois jogos pavimentou desempenho melhor na reta final do Paulista de 2024. Ainda que tenha Palmeiras e Mirassol em casa, a Lusa vai sair para pegar Botafogo e Novorizontino.
Se analisarmos com alguma atenção, o time do Canindé precisa contabilizar uma vitória contra o Mirassol e morder um ponto contra o Botafogo. Diante do Palmeiras, a tendência é derrota. O mesmo vale para o Novorizontino. Caso essa lógica se confirme, o clube iria a 11 pontos.
Pontuação essa que deve dar para classificar, porque o Ituano tem três compromissos dificílimos pela frente. Já no tocante ao Santo André, uma pausa. Porque vai depender muito do que o Ramalhão fizer hoje contra o São Bernardo, uma vez que há confrontos possíveis em termos de somatória de pontos ainda no caminho.
Em tempo, tudo isso é pura contabilidade criativa. Porque o que resolve mesmo é o jogo, o confronto em 90 minutos. E o melhor mesmo é avaliar partida a partida, rodada após rodada, já que seu grupo se mostra frágil e dali devem sair rebaixados para a Série A-2 do Paulista de 2025.
* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA