Foto: Divulgação/Portuguesa

Jogar pôquer requer algumas habilidades. A primeira é a ousadia. A segunda é saber blefar e a terceira é ter o dom da interpretação. Muito embora tenhamos feito em três passos o “manual do praticante de pôquer”, sabemos que os toques acima não estão em ordem, não obedecem a lógica e nem servem de guia para vitórias e derrotas nesse emaranhado de cartas não-marcadas.

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Mas há um quarto elemento que se sobrepõe aos pontos citados: a sorte. Vez por outra ouve-se dizer que o sujeito está com a mão cheia ou simplesmente foi para o tudo ou nada, o famoso All-In. Nessas horas, ou se tem uma jogada de mestre ou se tem sorte. Simples assim.

Apesar do pôquer não estar entre as modalidades esportivas da Portuguesa, a diretoria de futebol resolveu lançar mão da estratégia mais arrojada desse jogo de cartas, o  All-In. Por quê? Porque apostar em Dado Cavalcanti como seu novo comandante é flertar com o tudo ou nada no Paulistão de 2024. Explico.


Como se não bastasse o retumbante fracasso de 2023 dentro de campo, a Lusa dá o seu pontapé inicial no planejamento de 2024 apostando todas as suas fichas no auxiliar-técnico do comandante do Brasil, Fernando Diniz, como sua mola mestra em busca de seus objetivos. E quais seriam as metas? Eu adoraria ouvir dos dirigentes tal informação, mas como não li, ouvi ou vi, deduzo que seja se manter na A-1 do Paulista e beliscar a vaga direta na Série D de 2025 via Estadual. Seria espetacular, sem dúvida. Mas há uma pulga atrás de minha orelha me dizendo que a meta mesmo será não cair no Estadual. Apenas não cair.

Quero crer na primeira, mas vou trabalhar com a segunda hipótese. Nesse contexto, Dado Cavalcanti pode ser considerado o Rei no Royal Straight Flush do Pôquer, a jogada mais importante desse jogo. Porque será ele a indicar reforços, liberar atletas do atual elenco e desenhar taticamente a Lusa para o ano que vem.

Com tamanha responsabilidade pela frente, vale a pergunta: por onde andou Dado ultimamente? Uma rápida pesquisa no Google logo me diz que Dado não treina agremiação alguma desde setembro de 2023. Ou seja, faz pouco. Comandou o América de Natal nos sete últimos jogos da Série C e não conseguiu evitar o rebaixamento para D.

Portanto, seria injusto, primeiro, tomar pé sobre Dado por este trabalho, que apareceu de maneira promissora no cenário nacional há quase vinte anos, deixando a base do Náutico e indo treinar o Ulbra de Rondônia, onde inclusive venceu o Campeonato Rondoniense em 2006 e 2007. Injusto, fato.

Mas como avaliá-lo se os últimos trabalhos foram curtos e não terminaram de maneira exitosa, com exceção do Bahia, onde na saída de Mano Menezes, venceu a Copa do Nordeste em 2021? Difícil estabelecer régua de comparação, mas há uma que o torcedor da Lusa pode naturalmente enveredar, o futebol paulista.

De todos os clubes por onde passou, Dado somente treinou o Mogi Mirim, Ponte Preta e Ferroviária no Estado de São Paulo. De longe, o melhor trabalho foi no Mogi, onde disputou as semifinais do Paulista de 2013, dez anos atrás. Por lá, dirigiu a equipe que deu a Rivaldo o caminho para o mundo em 21 jogos, alcançando 13 vitórias, três empates e cinco derrotas. E foi eliminado pelo Santos na semifinal em penalidades.

Na Ferroviária, em 2020, ano de pandemia, Dado a comandou em sete jogos, com duas vitórias, três empates e duas derrotas. É bom ressaltar que a Ferroviária era vice-líder do seu grupo na Série D daquele ano. Já na Ponte em 2014, a comandou na Série B. Em 12 jogos disputados, Dado venceu quatro, empatou cinco e perdeu três. Saiu por divergências com a diretoria, dizia-se à época do desenlace.

Portanto, o grande ponto de interrogação é saber se Dado conhece o atual momento do futebol paulista a tal ponto que tenha capacidade para montar um time competitivo em 2024? Essa é a questão. Porque quando se aprofunda ao longo da carreira de Dado Cavalcanti, apesar da grita da torcida, o que surge é um treinador com alguns títulos na carreira, com alguns trabalhos bem consolidados, também com momentos ruins e que talvez tenha deixado passar boas oportunidades em sua trajetória.

Trocando em miúdos, nada diferente da maioria dos treinadores que a Portuguesa poderia trazer para o Paulista de 2024. Nada. Ou seja, os dirigentes rubro-verdes fizeram uma aposta. Um All-In. O grande problema é que no futebol, na vida ou no pôquer é preciso pagar para ver a mão de cartas. E a Portuguesa escolheu pagar para ver.

* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA

17 comentários

  1. Como sempre, os medíocres e incompetentes “dirigentes” da LUSA fazem apostas… e os perdedores serão sempre os torcedores e a história humilhada do clube…

    ACC: FDP!!!! VTNC!!!!
    JRC: FDP!!!! VTNC!!!!
    EM: FDP!!!! VTNC!!!!

  2. A gente tenta entender e ser otimista mas nessa lá se vão no mínimo dez longos anos na penúria e esse fim do túnel continua escuro ,o que pode siginificar um túnel muito longo ainda ,com mínimas chances de luz ‘a frente !!!

  3. O real problema lusitano se encontra em suas administrações amadoras e descompromissadas com o reerguimento do clube ! A lama sob os pés continua e até isso a gente se acostuma e se acomoda ! Mas essa lama foi gerada por esses incompetentes no comando lusitano !

  4. Não acho má escolha, já que ele conhece o mercado de jogadores do norte/nordeste de onde temos alguma força para conseguir bons jogadores.
    Sejamos sinceros no mercado do sudeste nas nossas condições atuais só pegamos a xepa, nível A2 ou fim de carreira…
    Espero que o Dado tenha motivação para limpar o passado recente dele. O que é bom para a gente.

  5. Pessoal chega definitivamente não quero ver minha Lusa servindo de laboratorio para esses técnicos ridículos, o negócio é fechar as portas chega Castanheira, larga a presidência, entrega, infelizmente vc não sabe montar uma equipe !!!

  6. Gostei do anúncio do Mazola Júnior, deu no que deu…

    Gostei do anúncio do Leandro Zago, deu no que deu…

    Não gostei do anúncio do Dado Cavalcanti. Quem sabe não dá certo agora…

  7. Estamos fora de divisões e dos principais mercados do futebol brasileiro. Nada contra quem chega, mas ajudaria muito se a estrutura de governança da APD se dedicasse a elucidar o caso Heverton, acabando de vez com a desconfiança de todos em relação ao que aconteceu e acontece DENTRO do Canindé.

    Enquanto isso não for feito, a credibilidade da nossa Lusa permanecerá por um fio, mantendo a impressão de que ali só há incompetência, desorganização e a eterna “espera por um milagre”.

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