Tiago Cabral: A guerra do amanhã

Há vinte e seis anos, Portuguesa não emplaca dois anos de tranquilidade

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Foto: Ronaldo Barreto/NETLUSA

Aos torcedores que vivem alheios aos conflitos políticos da Portuguesa, já antecipo que 2025 será caótico. O clube vive uma nova guerra política, repleta de ingredientes tradicionais: grandes homens vaidosos, ex-aliados se tornando desafetos mortais, troca de acusações e notícias mentirosas. No meio disso tudo, está o torcedor, que sonha com dias melhores e espera um futuro com foco total dentro de campo. Porém assiste, apreensivo, a uma corrida desenfreada para ver quem será o responsável por trazer a SAF.

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Para salvar o futebol rubro-verde existem muitas especulações e poucas concretizações. A única certeza é de que a SAF apresentada pelo atual mandatário foi descartada pelo COF. Surgiu uma segunda proposta, apresentada por conselheiros da oposição, prometendo ser a maior do Brasil, mas que não tem nada de concreto, exceto a palavra de pessoas com aspirações políticas.

Castanheira está longe de ser um excelente gestor. Precisa explicar os bizarros problemas do balanço financeiro, além de lidar com questionamentos sobre as antecipações de cotas de TV e esclarecer se a dívida do clube cresceu nesse período. Junto a isso tudo, seu ego e sua personalidade difícil também contribuem para que as animosidades se acentuem. Mas, mesmo assim, ainda é melhor que seus antecessores. Vários membros da oposição no passado recente contribuíram ativamente para que o clube chegasse a essa condição de subsistência, flertando com a A3.

Esses sujeitos, que pouco se importam com o clube e são dotados de uma vaidade infinita, estão sempre à espreita de problemas para criarem o caos. Não vale citá-los diretamente, quem conhece o dia a dia do clube sabe todos os nomes e sobrenomes (alguns herdados dos vovôs ou dos papais que já fizeram parte da política do Canindé), mas é importante ressaltar que vivem armando infinitas guerras, tratam a Portuguesa como um cordeiro pronto para o sacríficio em nome das suas ganas pessoais e desejando que seu adversário do momento tome literalmente naquele lugar para retornarem ao poder (peço desculpas ao leitor pela vulgaridade, mas é necessária para demonstrar a gana desses homens).

Voltando à parte financeira, por si só a Portuguesa já não sobrevive, depende de ajuda externa, dinheiro vindo de fora junto com uma nova gestão, sem vínculo com o clube. Para escancarar o tamanho do buraco em que estamos, trago um conceito econômico denominado LICO (Low Income Cut-Off). Ele é um indicador utilizado por governos para identificar quem se enquadra na categoria de baixa renda e pode necessitar de assistência financeira.

Não vamos entrar no detalhe técnico do indicador, alguns argumentam que o LICO não leva em consideração todos os aspectos da pobreza (no Canindé isso é escanteado pelos cardeais, a vaidade está acima de tudo). Mas, se aplicarmos o cálculo do conceito, nossa situação atual exige uma ampla assistência financeira externa.  A Portuguesa é um clube falido, repleto de dívidas e brigas políticas. Nunca é só um LICO (o indicador econômico), mas sempre tem um LICO (Low Income Cut-Off – para que fique claro ao leitor) no meio dessas guerras de balanço, indicadores e propostas de SAF.

Dentro de campo, o que realmente deveria importar para todos os torcedores, o planejamento para o paulistão, até o momento, está paralisado. O presidente está focado em responder às inconsistências do seu balanço financeiro, resolver suas pendências com os donos do dinheiro que o bancavam (com a promessa da sua SAF se concretizar), manter o acordo firmado com a justiça e se sustentar no cargo contra ataques da oposição, lideradas por um ex-braço direito (que saiu da atual gestão após agredir covadermente um torcedor na arquibancada).

Mais uma vez, uma guerra se avizinha no horizonte do torcedor. Novamente lutaremos incansavelmente pela sobrevivência. Será mais uma oportunidade jogada fora de emplacar uma sequência de bons trabalhos dentro e fora de campo. Neste século, ninguém sabe dentro do clube o que é ter dois bons anos, tranquilos e repletos de paz, com foco total apenas dentro de campo.

* Tiago Cabral, 33 anos, privilegiado por ter visto a última era de ouro da Portuguesa. Súdito de Capitão, cover fracassado de Clemer e o maior anticandinho do Pari. Corneteiro profissional com análises totalmente ácidas quando se trata da Lusa.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA


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Rafael Pires
Rafael Pires
1 mês atrás

👏👏👏👏👏👏👏👏 Parabéns amigo, de maneira clara e altamente inteligente você publicou o que realmente está acontecendo e diga-se de passagem todos os Lusitanos daquela geração passada (80-90) sabe! A pergunta é, “Oh e agora, quem poderá no ajudar?” 2025 é o ano mais importante da história deste clube e o que se vê é a mesma disputa interna de poder que a gente conhece. Que Deus nos ajude, porque nós não aguentamos mais tanto rebaixamento.

joão alexandre alves de freitas
joão alexandre alves de freitas
1 mês atrás

a pergunta que fica é quem poderá nos salvar ? acredito que 2025 pode ser nossa última chance de salvação, mas no meio dessa desunião vai ser muito difícil.