Tiago Cabral: Primeiro capítulo: Resiliência

Lusa busca vitória na base da resiliência e do talento

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Foto: Divulgação/Portuguesa

Resiliência é uma palavra que está na moda. Em praticamente todos os ambientes corporativos (impulsionada por coaches e influencers que parecem ter receita para tudo) é usada como mantra para descrever resistência à adversidade. Esse conceito, emprestado da física, é a melhor opção para classificarmos o primeiro jogo da Lusa em 2024.

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Logo de cara, o oponente foi um adversário direto pelo rebaixamento. Para uma equipe que joga o Paulistão como sobrevivência, com um calendário difícil nos primeiros jogos, a vitória por si só era fundamental. Diante das circunstâncias, desde o primeiro minuto a Lusa buscou o jogo, teve controle da bola e das principais ações da partida. Isso é um sinal claro das ideias do nosso treinador.

Parece que, em 2024, a Portuguesa de Dado Cavalcanti gostará muito de ter a bola. Destaco as exibições de Douglas Borel pela direita, a construção de jogadas da dupla de volantes, Dudu Miraima e Zé Ricardo, os dribles de Victor Andrade e o toque de classe de Giovanni Augusto. Ao mesmo tempo, demonstramos uma fragilidade defensiva, com dificuldades de recomposição, deixando a defesa no mano a mano.

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O panorama do jogo lembrou, e muito, a seleção brasileira de Diniz (que Dado acompanhou como auxiliar técnico convidado), variando entre 4-3-3 e 4-4-2 muito ofensivo, tendo bastante posse de bola e construindo diversas jogadas, mas exposta na defesa. O lado esquerdo da defesa foi o elo mais fraco, Victor Andrade e Marquinhos Pedroso não se entenderam bem, lentos na recomposição do ataque. O primeiro gol da Inter nasce dessa falta de química. Victor não acompanha a descida do lateral e Marquinhos fica preso no meio-campo. A Inter, se tivesse um pouco mais de qualidade, poderia ter liquidado a fatura ainda no primeiro tempo.

Falando do primeiro tempo, não podemos deixar de mencionar a péssima partida de Edina Alves e do VAR. Para quem acompanha as principais partidas do futebol brasileiro, as arbitragens ruins e confusas da Edina são normais. O saldo desse desastre foram cartões amarelos sem critério (para ambos os lados), um pênalti escandaloso não marcado e um contra-ataque interrompido com a Portuguesa em clara vantagem.

Outros pontos negativos da partida foram as atuações de Quintana (visivelmente sem ritmo de jogo) e Henrique Dourado. O Ceifador, esperança de gols rubro-verde, pouco pegou na bola. Poderia ter sido substituído no lugar de Chrigor. Mesmo atuando o jogo todo, esteve aquém do que esperamos.

Ao final da primeira partida, o saldo é extremamente positivo. Conseguimos os três pontos contra um adversário direto, jogando bem e mostrando que temos um elenco capaz de fazer frente aos times do mesmo nível que o nosso. O alerta que deixo para o professor Dado é repensar a estrutura do meio-campo, reforçando o setor com mais um homem. Além da obrigatoriedade de Giovanni Augusto nos 11 iniciais.

Giovanni Augusto merece um parágrafo à parte. No apagar das luzes, protagonizou uma obra de arte. Chamou a defesa da Inter para dançar e colocou a bola no fundo do barbante, sem chance de defesa do goleirão Max, sacramentando que o primeiro ato teria um final feliz.

Nosso próximo capítulo será contra um adversário totalmente diferente da Inter. O time do energético é um ótimo teste para correção dos nossos problemas defensivos. Talvez, não tenhamos tanto a posse de bola, sendo necessário ‘fechar a casa’ e evitar uma excessiva exposição. RB Bragantino dificilmente nos deixará impunes se tiver espaço para jogar.

Ainda é muito cedo para ilusões, manter o pé no chão é preciso. A única certeza é de que esse time vai competir bastante. Quarta-feira nossa missão é estar no Canindé!

* Tiago Cabral, 33 anos, privilegiado por ter visto a última era de ouro da Portuguesa. Súdito de Capitão, cover fracassado de Clemer e o maior anticandinho do Pari. Corneteiro profissional com análises totalmente ácidas quando se trata da Lusa.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA


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