Opinião: Roberto Dinamite, muito obrigado!

Craque do Vasco foi contratado pela Portuguesa em 1989 para a disputa do Campeonato Brasileiro e foi tão bem, tão bem que até hoje é lembrado com carinho pela torcida rubro-verde

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Foto: Reprodução

Roberto Dinamite se foi. Em um domingo, data que ele ajudou a eternizar como o dia do futebol, Dinamite cobrou sua última falta. Dono de uma carreira brilhante, o eterno camisa 10 do Clube de Regatas Vasco da Gama não resistiu ao tumor que lhe acometeu e nos deixou no último domingo, 08 de janeiro de 2022.

+ Lusa homenageia Roberto Dinamite durante partida da Copinha

Dinamite, como é de conhecimento público, vestiu poucas camisas no mundo da bola. Além do Vasco, a do Barcelona, a da Portuguesa e a do Campo Grande. Era um jogador de seleção, mas identificado a enésima potência com a máxima que permeou o futebol nacional por longo período, mais precisamente até os anos 80 do século passado, jogador de clube. Daqueles que começam em uma agremiação e praticamente fecham o ciclo ali mesmo. 

Roberto Dinamite veio para a Portuguesa numa dessas tentativas rubro-verdes de montar um esquadrão e conquistar títulos. Em 1989, a Lusa apostou pesado no Campeonato Brasileiro. Trouxe Zanata, lateral-direito campeão brasileiro pelo Bahia em 1988, foi buscar Lê, recém-saído da também campeã paulista Inter de Limeira em 1986, manteve Toninho, Jorginho, Eduardo, vice-campeões paulistas de 1985, e arrancou Biro-Biro do Corinthians, além de contar com o eterno Capitão. 

Era um timaço. Sidmar; Zanata, Henrique (ex-Grêmio), Eduardo e Lira (ex-Vasco e seleção de juniores); Capitão, Biro-Biro, Toninho e Lê; Jorginho e Dinamite. Técnico, Antônio Lopes, cujas prerrogativas dispensam qualquer apresentação. 

A Lusa queria algo a mais, de fato, no Brasileirão de 89. E conseguiu. Eliminada pelo São Paulo, no Canindé, numa segunda fase, a Lusa terminou o campeonato daquele ano na sétima colocação. Até 1996, quando ficou com o vice-campeonato nacional, era a melhor colocação da Portuguesa no torneio. Daí, a dimensão daquele time e de Roberto Dinamite.

O craque se adaptou fácil demais à Lusa. Na estreia, diante do Fluminense, fez um gol, o primeiro, e quase um segundo numa cobrança de falta, bem aproveitada por Sinval. O final desse jogo, 4 a 1 para a Lusa, e a certeza nas arquibancadas que o time não era bom, era ótimo.

O torcedor mais jovem da Lusa, que convive com um sem-número de promessas atualmente, ou mesmo com times sofríveis nos últimos anos, não tem a dimensão do que era essa Portuguesa dos anos 90 para trás. Não tem. 

E essa coluna é também para isso. Para reavivar, espalhar a informação de que a Portuguesa não era um time qualquer. Ela tinha poder econômico, torcida e não incomodava os demais grandes. Não. Ela disputava palmo a palmo com eles. E muitas vezes era eliminada por erros inacreditáveis de arbitragem. Em tempo, esse Lusa e São Paulo foi absolutamente normal. Nada aconteceu, a não ser o fato de o Tricolor do Morumbi ter um time superior à Lusa.

Hoje, às portas do Paulistão-23, quando a Portuguesa ascendeu – e todos rezam para que seja o ano da permanência definitiva –, é importante lembrar que a Lusa sempre foi e necessariamente precisa voltar a ser o time que disputa com os grandes de São Paulo e do Brasil, e que não tinha problema algum em contratar jogadores consagrados das demais equipes. É sempre bom lembrar, fundamentalmente em um momento no qual ela não está sendo considerada clássico. Portanto, faz-se necessário frisar. 

À família do Dinamite, um abraço e um muito obrigado. Um sincero muito obrigado! Vocês talvez não tenham ideia o que significou para um menino de 15 anos à época ver a chegada de Roberto Dinamite à Portuguesa. A camisa dessa campanha ainda a tenho, infelizmente sem o autógrafo dele, mas guardada com muito carinho. Roberto Dinamite, descanse em paz. Você foi um dos grandes jogadores brasileiros de todos os tempos. 

* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA


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Ricardo
Ricardo
1 ano atrás

Em 88, um anos antes, tínhamos Zenon e Catatau em 84 fomos eliminados pelo Vasco nas quartas, em um Pacaembú lotado perdemos de 5 a 2 na ida e na volta de 4 a 3 no Maracanã, 85, vice no Paulista, 86 fizemos um bom brasileiro também, 87 na Copa União ficamos no outro módulo,,bons times, bons tempos que hão de voltar….

Adalberto Ribeiro
Adalberto Ribeiro
1 ano atrás

Concordo com os destaques do Ricardo para esses grandes times que a Lusa montou. Além desses, acho que o time de 1998 também era excepcional, melhor até do que o de 1996, que foi vice campeão brasileiro.