Opinião: Dia dos Pais e o encontro de gerações no Canindé

Nesse ano, coincidentemente a Lusa fez aniversário em um Dia dos Pais e ainda por cima teve um jogo atraente pela frente, o Juventus da Mooca. Mas o principal feito não foi a vitória por dois a zero diante do adversário, o ponto alto foi o pai, os filhos e os netos reunidos no estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte

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Foto: Ronaldo Barreto/NETLUSA

Domingo sempre é e sempre será um dia reservado à família, aos seus. Há uma energia diferente aos domingos, porque, em tese, é quando os entes queridos estão de folga de suas obrigações corriqueiras e conseguem se olhar, se cuidar, conversar. E bate-papos com quem a gente tem afinidade costuma não ter preço. Porque é sempre um prazer.

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Durante muitos anos o Canindé foi assim. Em um tempo no qual condomínios com lazer em São Paulo (SP) eram raros, clubes eram a tábua de salvação para que a molecada gastasse energia e os pais pudessem também ter o seu momento. E para fechar a epopeia dominical, em agremiações esportivas, como a Portuguesa, o futebol encerrava o dia. Ou seja, era praticamente um lazer completo.

Hoje, tudo mudou. O mundo, por óbvio, se modificou drasticamente. Condomínios com lazer são regra e não mais exceção no Brasil. O futebol ficou caro. O lazer precisa ser programado e o cardápio é vasto demais. 

Nesse contexto, naturalmente, a Lusa e outros tantos clubes perderam o sentido social, e o futebol tomou as rédeas no esportivo. É um caminho sem volta. Para sempre. 

Mas ontem, nesse 14 de agosto de 2022, no dia em que a Lusa completou 102 anos, coincidentemente Dia dos Pais, o Canindé num domingo de sol pela manhã recebeu mais de 2 mil torcedores para ver um simpático jogo diante do Juventus, da Mooca. Eram pais, avôs ali torcendo para que a vitória viesse e para que a Lusa engrenasse de vez nessa Copa Paulista. 

De vez em quando, comento por aqui sobre a reestruturação rubro-verde e o que isso significa. O dia de ontem, por exemplo, é simbólico nessa conversa que tento manter com você, meu caro leitor. 

A Portuguesa se erguendo, voltando ao cenário dela, veremos cada vez mais imagens como a de ontem. A Lusa é família. Quando um torce pela Portuguesa, ela dissipa seu amor pelos demais, de tal forma, que alguns chegam a trocar de time. Por isso, ter cuidado nesse momento de refundação é fundamental.

A Sociedade Anônima do Futebol (SAF), por exemplo, é essencial. Sabemos. Todos sabem. Mas ela precisa ser bem costurada, arquitetada. Não deve haver pressa. Porque hoje essa marca está subvalorizada e se houver velocidade no processo, o resultado será um bom negócio para quem arremata e algo não tão interessante para a Lusa. A lei de mercado é draconiana nesses casos.

Então, como nesse domingo de sol em que a Lusa completou mais uma primavera e que coincidentemente foi Dia dos Pais, inclusive com vitória rubro-verde, olhemos para o futuro que logo se avizinha. Olhemos com a esperança daquele garoto que um dia frequentou as alamedas do Canindé nos anos 80 ou com o olhar de quem vê, hoje, no clube a sua identificação, o seu pertencimento. Os sinais estão aí.

A volta do zagueiro César é um deles. A reconstrução do vestiário é outro. O Canindé bem cuidado pode ser outro. Mas o maior deles é o encontro de gerações. É isso que faz um time ter história, ter lastro e outros não. 

Parabéns, Portuguesa pelos seus 102 anos. Mas um parabéns ainda mais efusivo a você papai, que conseguiu passar teu amor ao pequeno e pequena. A Lusa será eternamente grata por isso. Não há SAF que pague.

* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.


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Luiz Gustavo - Santos/SP
Luiz Gustavo - Santos/SP
2 anos atrás

Esta vitória foi realmente um presente de “Dia dos Pais” e de aniversário para a Portuguesa. Gostaria muito de ter ido, mas foi um olho na churrasqueira e outro na TV preparando o almoço familiar. Realmente deu para ver aquilo que mais representa a Lusa: as famílias indo juntas ao Canindé. Ser torcedor da Portuguesa é diferente porque amamos por amar, não por “status de vencedor”. Sinto muito orgulho da Portuguesa e de nossa apaixonada torcida. Viva a Lusa!

j alex - atibaia
j alex - atibaia
2 anos atrás

eu acho que poderia haver mais gente no Canindé ( merecia isso) se o jogo fosse pelas 10 hs, ai acabaria antes das 12:00 e dava tempo para o churrasco da tarde. Mas já foi e vencemos que era que mais importava

RODRIGO SERRA
RODRIGO SERRA
2 anos atrás

Ontem consegui estar presente com meus 2 filhos e esposa, como sempre digo domingo fantástico estar no canindé e poder passar esse amor a eles assim como meu pai fez comigo é surreal , parece um djavu!

Gratidão essa é a palavra
Que nossa lusa volte a ser gigante e nossos pequenos vivenciem coisas melhores do que nós

Viva a lusa !