Foto: Divulgação/Portuguesa

Serginho; César ou Luciano, Luís Pereira, Eduardo e Alberis; Célio, Toninho e Edu (porque nessa época não havia Marangon); Toquinho, Luís Muller e Esquerdinha. Técnico, Jair Picerni. Quem hoje está na casa mais alta dos 40 anos, certamente há de se lembrar dessa formação. Campeã do Primeiro Turno do Campeonato Paulista de 1985, automaticamente já classificada para as semifinais do certame e dona de uma campanha irreparável, que culminou com o segundo lugar, perdendo as finais em jogos conturbados, principalmente a primeira decisão, vencida pelo São Paulo por 3 a 1 no estádio do Morumbi, há de se lembrar dessa turma boa de bola.

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Eram outros tempos, é verdade. Mas era um tempo em que o então presidente da Lusa, Oswaldo Teixeira Duarte, pensava grande. Tão grande que no último jogo do Primeiro Turno do Paulistão resolveu colocar um elefante no meio do gramado. Uma simbologia danada, convenhamos.

Mas o tempo passou, as coisas mudaram e o desafio agora responde pelo nome de “reconstrução”. Só que nenhuma casa, por mais combalida que esteja, pode virar às costas ao passado se deseja se reerguer. Jamais.


Reviver o passado é como namorar o futuro. É como criar um ponto de inflexão lá na frente e mentalizar: “dias melhores hão de vir. E virão”. É um mantra, uma prece, uma oração… Que não costuma falhar, já diria Gilberto Gil.

Mas para essa “reza” funcionar bem, é preciso resgatar quem se importou lá atrás. Não há reforma derrubando tudo. Reconstruir significa revisitar e para isso é necessário trazer quem já foi um dia.

Eduardo, meu caro, seja bem-vindo. Você teve papel fundamental naquele time de 85, sendo umas das defesas menos vazadas da competição, liderando ali ao lado do lendário Luís Pereira um sólido sistema de jogo. Tê-lo de volta no Canindé é como de novo ter um norte. E isso vale para ti, Eduardo, mas vale para muita gente valente que envergou essa camisa rubro-verde, como, por exemplo, o próprio Serginho.

Sempre que um ex-jogador que fez sucesso na Lusa volta ao Canindé é motivo de esperança. (Por isso citei o Serginho, que foi preparador de goleiros durante um bom tempo.) Porque ninguém conhece melhor o que pensa a torcida, os anseios da comunidade, as alamedas do Canindé dos que ali já enfrentaram uma tarde de fúria dos Leões ou um abraço fraterno do pessoal agradecido. As alamedas já falaram muito, hoje, andam um pouco mais quietas, cabisbaixas, à espera daquele ponto futuro.

Com gente como Eduardo por perto, elas se reconhecem. Acabam num piscar de olhos a entender o que um pensa e o que o outro imagina. A Portuguesa vive dias difíceis, duros mesmo, mas o seu renascimento passa pela valorização da sua história, coisa que os comandantes do Museu Histórico da Lusa fazem com maestria. É preciso manter vivo o passado para que o futuro seja imaginado. O presente é só a passagem, a construção.

Portanto, Eduardo, seja bem-vindo de novo ao Canindé. E quem sabe você não inspira outros da tua época que tinham uma identidade danada com o clube a aparecer de novo por ali. Alô, Esquerdinha, por onde andas? E você, Toninho? Apareçam. A torcida vai gostar, as alamedas vão lhe sorrir e a Série A-1 vai nos acolher, porque lá é o nosso lugar: a primeira divisão Paulista e a Série A do Campeonato Brasileiro.

*Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.

6 comentários

  1. Belo texto. Me fez relembrar este time e as várias partidas que assisti no Canindé que tinha sempre um bom público, uma verdadeira família. Bem vindo, Eduardo. O Esquerdinha, assim como o Eduardo, foi modelo para as camisas retrô de 1985 que estão sendo vendidas no SOMOS LUSA.

  2. Lembro desse time como um dos melhores que vi jogar, superado apenas pelo de 1998 (sim, o de 1998 foi melhor que o de 1996). E nesse timaço, cheio de bons jogadores, a minha camisa tinha o número 7, do Toquinho. Em 1985 ele já não estava no auge, depois de algumas contusões sérias e já dividia espaço com o novato Jorginho no time, mas como símbolo de raça com a camisa da Lusa, acho que o único que se compara a ele é o Capitão. Eu assistia os jogos ali na lateral do Canindé para vê-lo jogar, e nunca me esqueço da torcida incentivando e dele indo para cima dos laterais adversários, e quanto mais o cara batesse ou apelasse, mais ele ia pra cima. Saudades dos bons tempos, espero que voltem logo porque a Lusa de verdade faz muita falta na minha vida.

  3. Nesse ano de 85 eu fui ao estádio em praticamente todos os jogos da Lusa no Paulistão, talvez tenha deixado de ir em uma três ou quatro que eram muito longe e meus pais não deixaram (eu tinha 14 anos na época). Mas lembro de muitos jogos fora de casa onde a barra pesou e a nossa torcida era brava, segurava qualquer rojão. Jogos em Jundiaí, Campinas, Sorocaba eram sempre difíceis. Já em outras cidades, era mais tranquilo. Lembro de termos sido bem recebidos em Araraquara, no jogo contra a Ferroviária (acho que foi a semifinal) e da guerra campal que ocorreu em Jundiaí, no jogo contra o Paulista. Necessário dizer que ganhamos ambos os jogos com atuações de gala do nosso time.

  4. Só para ser exato, da Ferroviária nos ganhamos a semifinal. Empatamos lá (2 x 2) e ganhamos no Canindé (2 x 0). Fomos para a decisão com o São Paulo e a FPF fez o diabo para o adversário ganhar, trocou juiz em cima da hora do jogo, colocou um cara que era juiz de futsal para apitar e pouco tempo depois abandonou o apito. Definitivamente as “coisas estranhas” não começaram com o maldito Castrilli.

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