Caros, espero que essa correspondência os encontre bem. Bem fisicamente, em boas condições de sanidade mental e com grande disposição. Contudo, eu não vou começar essa cartinha os elogiando, porque, convenhamos, não há como. A temporada até aqui é desastrosa. O sentimento é de queda. Tanto que os matemáticos falam em chances acima de 95%. Um horror, mas é isso.
+ Gilson Kleina não joga a toalha: “Temos uma chance e vamos acreditar”
Também não pretendo ofendê-los, pois como sempre friso se eu sou um “metalúrgico” da palavra, vocês são trabalhadores da bola. E em ambos há uma boa dose de arte, de inspiração e de nobres sentimentos.
Apesar de ter a clara sensação de que essa mensagem nem sequer será notada, vale o meu esforço. Vale, porque daqui a pouco, vocês estarão em outro canto, defendendo outras cores, respirando novos ares e eu estarei aqui, exercendo uma de minhas atividades: falar sobre futebol, em especial, o futebol rubro-verde.
Dito isso, sublinho, nos deixem respirando também. Alguns de vocês criaram uma linda sinergia para com a torcida, porque já estão aí faz um tempo e entenderam que a Portuguesa não é só um clube de futebol. A Lusa é maior que isso. A Portuguesa é um pedaço do interior de Portugal no Brasil. Esqueçam Lisboa, Porto, estou falando aqui do Minho, de Trás-os-montes, Braga, norte de Portugal, em geral.
Talvez, muitos de vocês jamais tenham ido ali, naquele pedaço do planeta. E não entendem que a palavra naquela região – e em outras, claro, mas falo dessa nessa coluna –, não faz curva. Talvez, tenham dificuldade em compreender como esse clube se potencializou com esse pessoal, que se meteu nuns navios daqueles e desembarcou ou no Rio de Janeiro ou em Santos para chamar São Paulo e a cidade maravilhosa de lar. Eu sei, é difícil imaginar. Mas se um dia vocês lá botarem os pés, vão me entender.
Esse pessoal que doou sacos de cimento, suor, sorrisos e lágrimas para erguer esse palco no qual vocês empilharam empates em 2023, se acostumou a acordar cedo. Pegar no batente às 4 da manhã. Eram pobres, alguns com pouco estudo, mas ciosos da responsabilidade do que é ser homem, chefe de família.
Com o passar dos anos e com a vivência dessa gigantesca e acolhedora cidade, a nossa capital do Estado, cresceram financeiramente, se multiplicaram em gerações e transformaram um clube com poucos títulos num dos grandes do País. Soa natural, mas não o foi. O processo foi árduo.
Sinceramente, escrevendo essa carta, eu também fico com a sensação de que falo de outro time, quando se olha a Portuguesa de hoje. E mesmo muitos achando que por ter um estádio com problemas, um quadro associativo diminuto, uma categoria de base incipiente, a Lusa nada tem, eu cá remo na direção contrária. Porque a Portuguesa nos tem. E isso é muito, uma vez que esse português que se meteu no Vapor, soube passar para a sua prole como a banda toca. Soube ensinar, os que quiseram aprender, obviamente, que construir e reconstruir são verbos da língua portuguesa e naturalmente é prática dessa gente. Por isso, a Portuguesa não acaba. Por isso, a Portuguesa jamais vai acabar, porque essa turma não tem medo do batente, do começar de novo, do fazer acontecer. E isso permeou essa nova geração apaixonada de torcedores, graças a Deus.
Mas ninguém é perfeito, rapaziada. Vocês não são. Eu tampouco. E eles idem. Todos erram. E nós erramos demais nesse Paulistão. Agora, erro maior seria cair do jeito que estamos caindo para A2. Sem luta. Sem brio. Como se fosse uma nau a deriva. E de mar, nossos ancestrais entendem um tanto.
Porque perder faz parte do ofício de vocês, bem como ganhar. Mas vocês me passam a sensação de que estão confortáveis com a situação. Com o descenso. E isso é muito ruim, não só pela queda, mas porque perder sem lutar não tem muito a ver com a nossa gente. Com a nossa torcida.
Então, Thomazella seja você mesmo diante do Mirassol. Lateral-direito, substituto do Pará, por gentileza, incorpore o espírito do Djalma Santos, de um Zé Maria. O mesmo vale para o substituto do Bruno Leonardo. Que jogue como Luís Pereira.
Robson mire-se em César Augusto, Eduardo, Calegari. E Fabiano pode se inspirar no Zé Roberto, no Augusto ou no Ordilei. Marzagão é hora de ser Capitão. Tauã assuma uma função no melhor estilo Galo, mas pode dar uma olhada em como jogava o Badeco. Daniel Costa é hora de ser um Zenon, um Edu Marangon, está na hora. Melhor, passou da hora. João Victor já ouviu falar do Zinho? Não o do Palmeiras, o nosso, o que tomava suco de cajá e corria o dobro dos adversários. Então… Mas se quiser pode ver os vídeos do chaveirinho Evandro. Nos serve também.
Paraizo, fisicamente, você lembra o Leandro Amaral. Eu não sei se você sabe, mas o Leandro é o maior artilheiro do estádio do Canindé. Deixou para trás uma lenda do nosso clube, Enéas. A gente não esquece de quem lutou pela gente em campo. Gustavo Ramos, por exemplo, mantenha a entrega. Deixe tudo no gramado, como você tem feito. Nessa hora, vontade conta muito.
Em outras palavras, jogadores, ninguém está comparando nada e ninguém. Só estou os lembrando que a camisa vestida por vocês tem muita história. Muita tradição. E fiz questão de citar jogadores das respectivas posições de vocês, para que se lembrem que domingo, é pela nossa história, pela nossa sobrevivência, é pela Associação Portuguesa de Desportos, ainda que na segunda-feira, muitos de vocês já não estejam mais.
Meus caros, joguem por nós, pelo clube. Se cair batalhando, acontece. Agora, caindo sem chutar no gol, não é só vergonhoso para cada um de vocês, é embaraçoso para nós também. Rapaziada, joguem pela nossa história. Só isso. E até domingo!
* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA
Única coisa que posso dizer além do belo texto, de coração não desejo a nenhum outro clube que tenham em seus times nem 40% desses jogadores jogando junto. Ninguém merece.
Caro Capela, escreve-te um velho na casa de 70 anos que, menino, esteve algumas vezes no antigo ‘Estádio Ilha da Madeira’, que antecedeu o nosso “Oswaldo Teixeira Duarte”. Neto de Antonio Pinto, um humilde carpinteiro, que teve a honra de ser mencionado por Orlando Duarte no livro que conta a história da Lusa. No nosso último jogo na Vila Belmiro, chorei quando o time entrou em campo; lembrei do meu avô, quando lotava a sua Kombi de netos, rumo ao Canindé. Fui embora quando tomamos o terceiro gol, ainda no primeiro tempo. De qualquer maneira, lavaste-me a cara com seu texto brilhante. Quis o destino que nossas pretensões no Paulistão fossem sepultadas na longínqua Mirassol, cuja distância não atenua em nada o nosso sofrimento.
Infelizmente capela, não há maneira de fazer esse time jogar bola, pq os jogadores são fracos. São tão fracos que eu chego a dizer que esse time não se classifica na fase de grupos na copa Paulista. Vontade de correr, se esforçar, isso pode até ter, mas se eu me esforçar e pensar positivo, não consigo ganhar uma corrida de 100 metros do Usain Bolt. Falta muito mais que vontade.
Já estamos na A2, não tem mais o que fazer, o time é um LIXO, junto com essa bosta de presidente de merda!!!
Capela aqui quem fala é um torcedor da Lusa desde 1950 (primeiro jogo q fui) não vamos cair
Espero que o Mirassol, jogue com aquele soninho de quem não quer mais nada no campeonato e que a portuguesa se aproveite disso. Se os outros resultados virão, não sei, acho até pouco provável, mas não esperar um milagre é no minimo insano, pelo sofrimento absurdo que estamos passando, diante de uma diretoria que pensou apenas em montar um time para não cair e está se dando muito mal!! Toninho Cecilio foi muito omisso em deixar o Mazola indicar esses inúmeros jogadores sem a minima condição de disputar um paulistão!!
Belo texto.
Faço porém algumas observações.
Não acredito que esteja faltando esforço, nem vontade.
Falta desde o começo, entrosamento entre os jogadores, não há um sistema tático definido.
Parece que cada um corre para cada lado.
Há uma desunião tática.
Se esses jogadores tivessem tido o mínimo de posicionamento tático, certamente neste momento estaríamos fora da zona de rebaixamento.
O time foi muito mal formado pelo Mazola e o atual parece não saber por onde começar a arrumar o time.
Sempre se diz que um time começa a ser arrumado pela defesa, mas neste momento precisamos de ataque, porém pelo que já disse, como não temos um fora de série que resolva sozinho, a falta de conjunto dos atacantes fica evidente. Paraízo demonstra potencial, mas não recebe nenhuma bola em condições de arrematar ao gol.
Olha eu estava analisando a tabela completa aqui e percebi que a Inter de Limeira fez 4 (só quatro) gols no campeonato inteiro!! Esse time conseguiu perder para a Inter no Canindé!! É uma proesa!! Meus parabens!!
Sr. Capela, parabéns pelo excelente texto.
Capela parabéns pelo texto!
Sentimento arduo de todos nós!
Meus familiares (Pai, Avó, Avô e demais) também são de Trás-os-montes e sei muito bem o que representa nunca se deixar de perdido. Povo guerreiro!
Texto emocionante Capella, seria muito pedir uma vitória simples, só pra somar 3 e ver o que acontece, VAI LUSA PÔ! VAMOS SUBIR LUSAAAAA
Parabéns pelo texto, mas acredito que nem todos vão ler, infelizmente acho que times tradicionais como a lusa tem que ter PROFISSIONAIS a frente do trabalho, pessoas que querem ver o crescimento da instituição. Tem que ter um capitão, um Rodrigo fabre, um zinho, um Vladimir, pessoas que jogaram e querem ver a evolução da equipe, agora coloca esses caras aí que tanto faz como tanto fez, é complicado.
A lusa até pode ganhar mas quero ver ferroviária perder então estamos fora e vergonha ficar 7 anos A2 e no primeiro ano voltar vergonhoso esse mazola e dos piores que passou na lusa
Belíssimo e sensível texto.
Faço alguns apontamentos: eu e meus familiares temos o pé e a alma fincados na Ilha da Madeira e não são poucos os Lusitanos que de lá vieram. Também reforço, que a Lusa igualmente representa, como escreveu meu pai na bandeira que volta e meia aparece em fotos – Lusa/ Brasil. Sempre é perigoso manter essas fronteiras. Talvez isso até desmobilize alguns jogadores. Como muitos dizem: é um dos fatores que limitaram a nossa expansão. Em suma, não é só por conta dos que cá chegaram de além-mar, pois a maioria deles e de seus descendente sequer torce para Lusa (se assim fosse, tínhamos mais torcida). É, sim, por nós, os que, de fato, oriundos do Norte português ou do sul brasileiro, torcem pela Lusa. É pela memória dos representados pelo (belo) texto (jogadores, torcedores) e pela história que terá continuidade, porém não obscura. Por outro lado, aponto, que lutar eles lutam e muito. Só que falta alguns soldados, como um volante que saia pro jogo, um lateral com fôlego para dar piques de ida e volta no campo, um centroavante que cause furor na área…Qualidade não é grande, sabemos, mas de outros times também, pois faz tempo que o futebol brasileiro está assim. A questão, no Domingo, será superar a ausência de soldados específicos do que a falta de armas. Que os Heróis do Mar e os de todas as paragens nos tragam forças. Até às 18 horas de Domingo, eu acreditarei que escaparemos.
Caro Mário,
como vai? Ilha da Madeira não foi citada expressamente no texto, mas está incluída na ideia. Pensei nela, mas não a coloquei na coluna. Peço desculpas pela falha.
Um abraço,
Esse Mario escreve bem tb…
Rodolfo já entoa o grito que ressoara nas arquibancadas do Caninde nos próximos anos: Vamos subir Lusa !!!
Tal cântico passou a fazer parte da rotina dos jogos em casa, durante sete longos anos, porém garanto que não deixou saudades para nenhum torcedor.
Provavelmente em 2024 não teremos mais 2.000 abnegados incentivando o time do coração. Quem sabe 1.000 ou 500…
O sofrimento cansa, mas pior é a desesperança causada pelo descaso dos nossos dirigentes.
Meu saudoso pai partiu um dia após a vitória sobre o Bragantino. Inclusive a última.
Ainda não tive coragem de voltar ao Caninde.
O que me conforta é saber que ele não está vendo o que fizeram com a nossa Lusa !
Resumindo joga com vontade porra
Capela parabéns pelo texto e sinceramente espero que o GK a tenha recebido para ao menos fazer a leitura ao plantel, afim de motiva-los com esperança de jogarem com afinco (que eu acho pouco provável). Vai que!!
Ótimo texto, Capela.
Belissimo texto. A Portuguesa tem a maior torcida do Brasil, pois e a segunda paixao de torcedores e torcedoras de outros clubes. Tem muita gente chateada com essa situação.
Como vc disse Capela, eles são profissionais da bola, mas só se forem funcionários da Nike ou da Adidas, porque de jogo não sabem absolutamente nada. Também tenho dó dos clubes que vão contratar esses pseudos jogadores, ninguém merece passar o que estamos passando.
Parabéns Capela, texto maravilhoso que Sirva de aprendizado para todos dentro da Portuguesa, vamos acordar Presidente ou pede Renúncia.
Capela, vou guardar esse texto comigo e mostrar aos meus filhos! Nele, em poucas palavras, você define o que é a Portuguesa! Parabéns!! Quanto ao que vai acontecer no domingo, não me iludo mais. Já não dependemos apenas de nós. E, se dependêssemos, acho que seria pior ainda. Deixamos o trem passar principalmente contra a Ferroviária e São Bento. Lamentavelmente o time é fraquíssimo, zero qualidade técnica para a disputa de um campeonato minimamente forte. E se cairmos novamente vamos entender que merecemos essa queda, que planejamos mal, que contratamos mal, que fomos novamente amadores quando hoje o futebol tem que ser profissional em tudo. Mas não morreremos. A Portuguesa está dentro de cada um de nós!!!
Lindo texto, resumiu muito a vinda da minha família do norte de Portugal e a portuguesa q um dia conheci!!
Belo texto, parabéns Capela. Traduz o sentimento dos torcedores, o triste momento que estamos passando e a história da nossa querida Portuguesa.
O erro começou lá atrás, quando demitiram o Sérgio Soares. Trabalho sem continuidade nem convicção, troca frequente de treinador a todo momento. Elenco desqualificado, perdemos jogadores bons como Caio Mancha e ninguém a altura veio pra ocupar o lugar. Faltou planejamento diretivo, infelizmente!
Os erros começaram com a demissão do Sérgio Soares. Depois foi troca de treinadores sem convicção nem continuidade, trabalho que não prospera desse jeito. A direção não teve planejamento e não reforçou o elenco como deveria, infelizmente é a triste realidade