Foto: Dorival Rosa/Portuguesa

No livro Pep Guardiola – A Evolução (2017), o autor, o jornalista espanhol Martí Perarnau, fala das inspirações do treinador. No capítulo 6, ele cita um dos maiores influenciadores na mentalidade do atual treinador do Manchester City, o enxadrista azerbaijano Garry Kasparov. Segundo o grande mestre do xadrez, “ganhar cria a sensação de que tudo está bem e que a complacência é um inimigo perigoso”.

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Aí o leitor rubro-verde pode perguntar: “Mas que raios isso tem a ver com a Lusa?”. Tem, e muito. A Portuguesa venceu o Velo Clube no último sábado (26) e alcançou 24 pontos na classificação, o que deve ser suficiente para já ter garantido um lugar no mata-mata que determinará os dois times que subirão à elite do futebol paulista em 2023. E venceu jogando, talvez, a pior partida nesta competição.

Noutro dia aqui mesmo eu comentei que é ótimo poder corrigir os erros enquanto o time vence os jogos, e é mesmo. Contra o Velo, um dos adversários da parte de cima da classificação e postulante ao acesso, a Lusa apresentou-se errando muito, com dificuldade para se recompor após as perdas de bola, excesso de erros de passes em todas as fase de construção e o principal: foi perdulária quando teve chances de ampliar o placar e encaminhar uma vitória tranquila.


Em vez disso, pôs-se a jeito e quase perdeu dois pontos no final, quando o enorme Thomazella impediu o gol de empate ao defender o pênalti pessimamente marcado pelo terrível árbitro da partida. O lado bom é que venceu. A parte melhor ainda é que Sérgio Soares ficou bastante insatisfeito com o que viu, em que pese o fato de o campo de jogo ser uma vergonha – em Portugal, seria classificado como um batatal -, ter um sol para cada um em Rio Claro e a maratona de jogos começar a pesar sobre pés mais esclarecidos, como os de Daniel Costa.

Os jogadores lesionados estão voltando aos poucos e Soares terá, a cada dia mais, um elenco com mais opções para dar descanso aos mais exigidos e outras formas de perfurar retrancas mais e mais fechadas, como temos visto duas vezes por semana. Mas o mais importante de tudo é o que a entrevista de pós-jogo do treinador demonstrou: que é preciso corrigir os erros e que não é influenciado pelo excelente aproveitamento conquistado ao alertar que, lá na frente, errar assim pode ser fatal.

E se tem algo que o processo de reconstrução da Portuguesa não permite é ser aplacado por alguma fatalidade, como um dia ruim do time ou do árbitro. Bola para subir, o time já mostrou que tem. Elenco, também. Mentalidade vencedora, então, está sobrando. Mas não dá para contar sempre com a sorte.

* Marcos Teixeira, 43, é jornalista, lusitano e colunista do site Ludopédio.org

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