Opinião: Entre a cruz e a caldeirinha

A Portuguesa da Série A2 nunca entrou em campo nessa Copa Paulista e agora chegou a um momento da competição em que mudanças deixaram de ser uma opção, são, na verdade, atos de sobrevivência no certame

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Foto: Ronaldo Barreto/NETLUSA

Um Canindé ensolarado. Uma boa presença de público. E um futebol fraco por parte da Portuguesa. Em três sentenças é possível resumir o que a Lusa fez no confronto diante do Marília no último sábado. Os números finais, 2 a 2, só foram possíveis graças a um gol em cima da hora do atacante rubro-verde Caio Mancha. Tento, inclusive, que a mantém viva na competição. Mas foi só.

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É bem verdade que o jogo teve alguns momentos decisivos, o que naturalmente modificou planejamentos de lado a lado. O primeiro desses momentos, por exemplo, reside no primeiro gol do Marília. Para mim, ainda que o VAR tenha validado, até a sombra do defensor da Lusa e do atacante do clube do interior sugere o oposto. Sem contar que a própria linha do VAR insinua outra interpretação, a de que o atacante estava à frente, ou seja, impedido. Fico com a sensação que o gol não existiu. Mas até o momento também ninguém se pronunciou e explicou os porquês da validação. E provavelmente ficaremos assim até o próximo lance.

Segundo ato. A Portuguesa tomou muito cedo o outro gol do Marília. Logo, com dois minutos de segundo tempo, o MAC pulou na frente no placar e estragou qualquer desenho imaginado pelo treinador rubro-verde Sergio Soares no intervalo. Fato.

Terceiro ato. As substituições promovidas pelo técnico da Lusa alteraram o jeito de jogar da equipe. Melhoraram um tantinho, mas nada que modificasse a batida da partida. Em outras palavras, um Marilia consciente de que o resultado lhe era muito favorável até o gol no fim do Caio Mancha. 

Conclusão. Definitivamente, a Portuguesa que subiu à primeira divisão do futebol paulista em 2022 ainda não jogou essa Copa Paulista. E talvez nem a jogue, o que seria um balde de água fria na estratégia futura do clube. 

Muito embora tudo dito até aqui seja bastante pertinente, convenhamos, não há novidade alguma. Nesse mesmo espaço, inclusive, já falamos sobre a necessária mudança de status de alguns atletas considerados titulares e da reformulação da estratégia de jogo. Com todo respeito, e há por aqui, nessa toada a eliminação será certeira no próximo sábado, em Marília, diante dos donos da casa.

É claro que o treinador sabe disso. Ninguém aqui vai ensinar o padre a rezar a missa. Mas se nada diferente for feito, só um milagre vai levar a Lusa à final, porque o raio-x desse time em campo exibe uma defesa exposta, um meio de campo pouco criativo e um ataque brigador. E não há diálogo entre esses três compartimentos. Simplesmente, não se articulam. Não se conversam.

O resultado desse espaçamento é que poucos gols da Lusa nasceram de aproximações. A Portuguesa, em geral, cria pouco. Mesmo quando muda o esquema de jogo. O time, quando melhor no gramado, faz a chamada meia pressão. Qual seja? A bola circula de um lado para o outro na intermediária ofensiva até que um cruzamento seja feito. Tem pouca infiltração. Passagem de lateral? Só quando o garoto Carlos Henrique se lança ao ataque. E esse é o resumo até aqui da Lusa nessa Copa Paulista 2022.

Há condições para mudar? Há. Mas não me sinto no direito de cometer a deselegância de apontar o dedo em direção a esse ou aquele, até porque o futebol é coletivo. Mas que a defesa precisa se fechar melhor, é fato. Que o meio necessita combater na linha alta, um pouco além do meio campo, também. E que a criação já passou da hora de sair da marcação dobrada do adversário, por óbvio. E o ataque? Bom, o ataque precisa fazer o “facão”, como os boleiros adoram se referir às entradas em diagonal. 

Sem essas ou quaisquer outras variações – tanto faz, desde que mude a postura em campo –, diria que a eliminação será líquida e certa. O time é cascudo? É. O time é bom? É. Mas sem pensar fora da caixa, de nada vai adiantar a qualidade individual dos jogadores rubro-verdes.

* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.


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Rodolfo Vicente Teixeira
Rodolfo Vicente Teixeira
2 anos atrás

Bela matéria, lá vamos nós pensar fora da caixa e torcer para que o sonho vire realidade, com um time que articula e vai pra cima conseguindo a vitória, a nossa única esperança, VAI PRA CIMA DELES LUSAAAAA.

Rodolfo Vicente Teixeira
Rodolfo Vicente Teixeira
2 anos atrás

VAI LUSA PÔ!

j alex - atibaia
j alex - atibaia
2 anos atrás

aguardamos melhoras, que o paciente se recupere a tempo.

Lucas Lopes Bordelo
Lucas Lopes Bordelo
2 anos atrás

Perfeito a análise, é o que grande parte da torcida está enxergando de fora.

É impossível que a comissão técnica tão experiente é, não possa ter visto isso também.

Nos resta torcer, e acreditar que essa semana será produtiva, perder por circunstâncias do jogo pode acontecer, agora ficar fora, sem demonstrar vontade, garra, não pode acontecer. No segundo jogo da lusa contra o desportivo Brasil, pode não ter feito um jogo brilhante, mas se entregou o tempo todo, foi um dos melhores jogos da copa Paulista, espero que o time entre com esse “bril” no jogo de volta. E não sem vontade como foi no último sábado

Ilha da Madeira
Ilha da Madeira
2 anos atrás

Parabéns ao jornalista Maurício Capela pelo artigo e análise, espero que jogadores e comissão técnica leiam a matéria.

Alexandre Mendes
Alexandre Mendes
2 anos atrás

Uma pergunta
O presidente ou alguém da diretoria se manifestou na FPF sobre o gol que o VAR validou?
Acho que deveria

CARLOS ROBERTO DEODATTO
CARLOS ROBERTO DEODATTO
2 anos atrás

Se o time jogar com mais responsabilidade podemos chegar lá

Nelson Aparecido Barbosa
Nelson Aparecido Barbosa
2 anos atrás

Vai pra cima deles marlia, eles não são de nada essa lisa é muito fraca, não é de nada.