Os últimos 10 anos foram de um sofrimento sem fim. Sucessivamente, a Portuguesa foi despencando ano a ano. Durante esse calvário, diversas gestões dos mais variados grupos políticos passaram pelo comando do clube. Todos, sem exceção, escancararam a falta de competência interna e a necessidade de uma profissionalização.
+ Conselho agenda reunião para análise do relatório final do balanço de 2023
Tudo o que vivemos pareceu um eterno pesadelo, um roteiro de filme de terror macabro. Em um belo domingo ensolarado, com um simples jogo para cumprir calendário, fomos dormir como um time de Série A. Piscamos os olhos e, quando acordamos, encontramos um clube sem divisão, falido, largado às traças, entregue à morte.
Sabe-se lá como não morremos. Jamais nos devemos queixar de falta de sorte. Na fase áurea, aquelas bolas que teimavam em não entrar, os gols inexplicáveis sofridos nos acréscimos e o mantra de que sempre morríamos na praia, talvez, tenham gerado uma espécie de dívida do universo conosco, paga nessa fase que vivemos.
Não podemos culpar ninguém, além de nós mesmos, por todo o drama e agonia que vivemos. A Portuguesa se colocou sozinha nesse ostracismo. Demoramos a reconhecer nossa própria incapacidade. Faltou o bom senso de colocarmos o clube acima de tudo e entendermos que apenas amor não é o suficiente para sustentarmos a grandeza da nossa história.
Como todo doente, precisamos de ajuda para nos reabilitar, para sobreviver e para voltar ao nosso devido lugar, que nos foi roubado na calada da madrugada por presidentes incompetentes (alguns falidos, de caráter duvidoso), por gente salafrária, mal intencionada e por uma oposição tosca.
Hoje, 26/11/2024, data em que escrevo este texto, a penúltima etapa para a Portuguesa se tornar SAF foi realizada. 158 associados definiram pelo caminho da profissionalização, pelo caminho da esperança e nos deram o direito de ter um time para torcer e nos orgulhar.
Até chegar a essa etapa, o processo foi longo e torturante. Muitos que amam verdadeiramente o time deixaram de lado os egos e os interesses políticos. Arregaçaram as mangas e viabilizaram o projeto para que se cumprisse o rito em todas as esferas necessárias.
Deixo claro que o parágrafo acima não se refere à diretoria nem ao presidente Castanheira. Longe de exaltá-los. Refiro-me às pessoas que trabalharam nos bastidores para que o projeto fosse concretizado, para que houvesse a mobilização da torcida e para que as coisas acontecessem sempre em prol da Portuguesa. Seremos eternamente gratos!
Aos investidores, deixo claro que continuaremos fiscalizando, que continuaremos cobrando transparência e que estaremos sempre atentos para que as promessas sejam integralmente cumpridas.
A próxima luta será pela correção das ressalvas e a assinatura do contrato que garanta ao clube a sobrevida de que tanto necessita. Berenguer e Bourgeois, a bola está com vocês! Ajustem o contrato e vamos ao trabalho!
Esta noite acordamos do pesadelo e chutamos o amadorismo. Voltamos a sorrir e ter esperança. Resgatamos o nosso amor, a nossa dignidade e o direito universal, que nos foi tirado cruelmente, de ter um time para torcer, um time para nos orgulhar!
Aos 26 indivíduos que votaram contra o projeto, deixo meu desprezo. Espero que essa nova fase seja para chutá-los do Canindé. Que vocês levem junto para fora do clube todos os Iaúcas, Alexandres de Barros, Licos, Helenos, Cordeiros, Mangas e Fofocas, Cambetas, terceiras, quartas, quintas vias e todas as escórias que por anos trabalharam incansavelmente para que acabássemos.
Torcedor, jamais deixe de lutar pela nossa Portuguesa! Ainda teremos 20% sob nosso controle. Precisamos fiscalizar e lutar para continuar tirando essa gente da nossa Lusa! Aproveitem o momento, voltem a ser sócios, frequentem novamente o clube e vamos todos juntos construir essa nova Portuguesa.
‘Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?’ (Fernando Pessoa)
EU TE AMO PORTUGUESA! POR VOCÊ, EU SEMPRE SEREI CAPAZ DE DAR A MINHA VIDA!
* Tiago Cabral, 33 anos, privilegiado por ter visto a última era de ouro da Portuguesa. Súdito de Capitão, cover fracassado de Clemer e o maior anticandinho do Pari. Corneteiro profissional com análises totalmente ácidas quando se trata da Lusa.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA