Foto: Ronaldo Barreto/NETLUSA

A campanha da Portuguesa na Série A2 do Campeonato Paulista é algo digno de grandes best sellers de superação. A equipe que, em 2021, foi eliminada da na Série D na segunda fase para o Caxias, o pior classificado na ocasião, deu a volta por cima. Além de conquistar o acesso para a elite estadual depois de sete anos, a Lusa coroou o trabalho com o título estadual.

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Contudo, diante de tantos coadjuvantes que marcaram esse capítulo da história da Rubro-Verde, um dos principais é Sérgio Soares. O treinador chegou ao clube após uma passagem apagada pelo Juventus e contornou a desconfiança do torcedor. Com um estilo de futebol combativo e um elenco unido, o comandante caiu nas graças do torcedor, que se tornou o décimo segundo jogador desta campanha que marca a história recente do clube. Uma conquista que deixa o torcedor com esperança na renovação lusitana no futebol. 

Diante disso, o NETLUSA apresenta um especial contando desde a escolha do treinador, sua chegada, a preparação e a campanha que terminou com a taça diante do São Bento, além da liderança em todas as principais estatísticas, entre ataque, defesa, vitórias, derrotas e pontos.


Capítulo 1: A escolha do treinador

Antes de falarmos da contratação de Sérgio Soares é importante conhecer mais sobre como o nome do treinador foi o escolhido pela diretoria e isso passa por uma reformulação feita no departamento de futebol pelo presidente Antonio Carlos Castanheira, que contratou Toninho Cecílio, ainda na disputa da Copa Paulista, como o novo executivo de futebol do clube. 

Conhecido treinador, agora ele trocava a prancheta de trabalho pelo escritório e as análises na busca da montagem do elenco. Em conversa com o NETLUSA, o dirigente lusitano afirmou que, antes de escolher os atletas e elenco, foi analisado o estilo de futebol que a Lusa deveria ter em campo e, a partir disso, chegou-se ao nome de Sérgio Soares. 

“Eu e o presidente tivemos uma conversa de como nós queríamos a equipe e qual seria o modelo de jogo que nós gostaríamos de ver dentro do campeonato. A primeira pergunta que eu fiz ao presidente quando eu sentei para falar da montagem foi: ‘presidente como o senhor quer ver o seu time jogando na primeira partida do Campeonato Paulista Série A2?’ e nós concordamos no que queríamos ver, um time com transição rápida, muita entrega, que não desiste nunca, com intensidade, capacidade de ter intensidade por boa parte dos 90 minutos”, disse.

A partir deste consenso, Toninho Cecílio declarou que chegou ao nome de Sérgio Soares, treinador vice-campeão Paulista com o Santo André em 2010, caindo diante de um Santos recheado de revelações como Neymar, André e Paulo Henrique Ganso. O comandante estava sem clube desde que deixou o Juventus, na A2 de 2021. Cecílio enumerou os pontos que fizeram que Sérgio Soares fosse o primeiro nome na lista da diretoria rubro-verde.

Sérgio Soares comemora o acesso ao lado do presidente Antonio Carlos Castanheira (Foto: Ronaldo Barreto/NETLUSA)

“A primeira coisa que nos direcionou não foi o treinador, mas sim o modelo de jogo. Daí nós fomos olhar o mercado ver quem entrega esse modelo de jogo. Em segundo lugar, quem tem experiência, já subiu na A2, que tenha pulso firme no sentido de comando, sem exageros, um pulso forte, uma condução forte e, ao mesmo tempo, também é antenado, estudioso, conhece as práticas mais recentes, têm repertório de treinamentos… Enfim, quem já dirigiu em Série A e Série B? Essas foram as características que achava necessário”, explicou o dirigente, que complementou: 

“Pensando nessas características o meu nome foi o do Sérgio Soares, desde sempre, porque ele reunia essas características. A requisição dele salarial talvez fosse um pouco menor diante do momento que ele vivia. Eu, como ex-treinador, sei que eu também gostaria de ter essa oportunidade. Sei que o Sérgio é um cara sério, o presidente também sabe porque ele tem amigos em comum que conhecem o Sérgio. Sei do trabalho sério que ele desenvolve e eu acho que essas são as características mais marcantes. Tem outros treinadores com essas características, mas eu não vi assim um treinador com todas essas características reunidas em um só profissional”, completou.

Capítulo 2: A chegada ao Canindé e a preparação

A escolha de Sérgio Soares para substituir Alex Alves dividiu opiniões dos torcedores. A grande maioria da torcida não aprovava a chegada do treinador, principalmente pelos números recentes. Em bate-papo com a reportagem, o comandante rubro-verde comentou sobre o assunto e falou da grandeza da Portuguesa. Soares ainda comentou sobre sua experiência para contornar essa desconfiança do torcedor e transformá-la em resultados positivos na disputa da Série A2.

“Alguns torcedores eu vi que não foram favoráveis à minha vinda, mas eu estava muito tranquilo. Sabia para onde estava chegando. Sabia o tamanho do clube que eu estava assumindo o comando técnico. Na verdade não me incomodou (as críticas). Alguns comentários que eu vi foi: ‘nos últimos trabalhos, ele não foi tão bem assim né’. (…)”, declarou.

“Talvez o torcedor se baseou muito no Juventus. Não podem ter se baseado na Ferroviária, que eu saí com o percentual alto, levei o time para a terceira fase da Copa do Brasil, disputando vaga para a final do Paulista. Então, eu não me incomodei com a reação da torcida. Pelo contrário, a minha experiência me deu tranquilidade para esse momento. Talvez se eu fosse um técnico inexperiente ficaria abalado, no momento quando chega no clube do tamanho da Portuguesa, mas fiquei muito tranquilo. Respeito muito o torcedor, que foi assim que eu fiz desde que pisei no Canindé. Na minha apresentação e no meu dia a dia foi sempre com muito respeito para com o torcedor”, complementou.

Logo na pré-temporada, os jogos-treino aumentaram ainda mais a expectativa do que esperar do time na Série A2. Em cinco amistosos, sendo um comemorativo no Canindé, a Lusa conseguiu uma vitória diante do Palmeiras, por 2 a 1, dois empates contra União Suzano (1 a 1) e São José (0 a 0), e duas derrotas para Pouso Alegre-MG e Volta Redonda, ambos por 1 a 0. O comandante lusitano falou sobre esta preparação e a importância para o que estaria por vir no Estadual.

Sérgio Soares foi o treinador da Lusa no retorno à elite estadual (Foto: Ronaldo Barreto/NETLUSA)

“Durante a preparação, algumas pessoas dizendo ‘Ah, mas que resultado ruim…’, mas a gente estava preparando o time para o campeonato, não para um jogo-treino. O jogo-treino é para você ir fazendo ajustes na parte tática e ir aprimorando a parte física, que foi importantíssimo”, comentou.

Capítulo 3: A primeira fase

Na primeira rodada, a Portuguesa teve pela frente um adversário recém promovido para a Série A2, o Primavera de Indaiatuba, e a partida contou com um número baixo de torcedores. Primeiramente pelo fato do jogo ser fora de casa e, em segundo lugar, a data e horário do jogo.

Dentro de campo, apesar de ainda buscar o ritmo de jogo e sofrer com a falta de entrosamento de alguns reforços, a Portuguesa conseguiu vencer, por 3 a 0, o time da casa. Resultado que animou, mas que ainda não deu tanto ânimo para o primeiro adversário em casa: o Monte Azul. Um novo placar elástico, desta vez por 4 a 0, animou os menos de mil torcedores presentes no Canindé. 

Mesmo com a sequência de jogos curta e praticamente todos os jogos em casa sendo no meio da semana, a Portuguesa, aos poucos, passava a chamar a atenção devido a sua campanha e os olhos passavam para o time de Sérgio Soares. Tanto que a Lusa terminou a primeira fase na liderança com nove vitórias, cinco empates e apenas uma derrota, em 15 jogos disputados. 

Apesar dos altos e baixos, como os empates para São Bento e Linense e a derrota para o Rio Claro, além da queda de rendimento em algumas partidas, a Lusa também teve os seus momentos de superação, tais como o jogo contra o São Caetano, em que todas as mudanças tiveram que ser feitas ainda na primeira etapa por lesão, e a partida diante do Juventus, em que a Lusa assegurou a vitória mesmo com a expulsão do lateral esquerdo Eduardo Diniz e do zagueiro Luizão Nascimento.

Capítulo 4: A consagração do acesso e o título

A chegada às quartas de final trouxe à tona um velho fantasma que assombrava a Lusa nos últimos dois anos: o da eliminação nesta fase para XV de Piracicaba e Água Santa, respectivamente. Desta vez, o Primavera, conhecido justamente pelo nome fantasmagórico, era o adversário da vez da Rubro-Verde. Apesar de dois jogos pegados e da equipe recém-promovida para a Série A2 ter mostrado o seu valor e buscado a classificação, a Rubro-Verde conseguiu encarnar os Ghostbusters, famosa franquia da década de 1980, e espantar esta e outras assombrações que ameaçavam a classificação lusitana. 

O próximo adversário, inclusive, foi a única equipe que venceu a Lusa na primeira fase: o Rio Claro. E diante do Galo Azul, o último obstáculo para conquistar o primeiro grande objetivo: o acesso depois de sete anos. No estádio Augusto Schmidt, uma vitória por 1 a 0, que apenas aumentou a ansiedade para o que estava por vir, no estádio do Canindé.

No jogo de volta, a equipe chegou a abrir o placar, mas viu os visitantes empatarem e o goleiro Thomazella fazer grandes defesas para garantir a tão sonhada vaga. A festa tomou conta, mas o treinador sabia que faltava ainda mais um obstáculo antes da festa se tornar completa, que foi diante do São Bento. E contra o time sorocabano, a Lusa levou para o Canindé uma igualdade em 1 a 1 e, com um placar de 2 a 0, garantiu o título da competição. Sérgio Soares inclusive, enalteceu a campanha lusitana.

Sérgio Soares deu a volta por cima no comando da Portuguesa (Foto: Ronaldo Barreto/NETLUSA)

“A Portuguesa voou no campeonato. A gente não viu, em jogo algum, a Portuguesa se arrastando. A gente estava muito ciente daquilo que a gente estava fazendo desde a minha chegada, vestindo a camisa até na nossa preparação e para o início da competição. Então os torcedores que se manifestaram contra, hoje comemoram junto conosco o acesso, o título e a performance da Portuguesa dentro do campeonato”, comentou.

A alegria pelo título transparecia nas lágrimas do comandante no Canindé, enquanto puxava o coro da torcida nas arquibancadas de campeão, coro esse que estava há anos entalado na garganta e não pôde ser entoado em 2020, na conquista da Copa Paulista, devido à pandemia da COVID19.  

Copa Paulista: Volume 2? 

Tendo a vaga para a elite estadual em 2023 garantida, a Portuguesa agora volta as suas atenções para outro desafio: garantir o retorno para a quarta divisão nacional já no ano que vem, com a conquista da Copa Paulista. Contudo, uma dúvida paira sobre Sérgio Soares. O comandante e o executivo de futebol Toninho Cecílio já revelaram ao NETLUSA o desejo da continuidade do trabalho e que, nesta semana, haverá as negociações para que o treinador continue no clube

“O Sérgio Soares foi um grande comandante, grande responsável e ele se insere nessa continuidade”, comentou o dirigente de futebol. 

Os torcedores, que na chegada de Sérgio Soares acenderem o sinal de dúvida na cabeça, hoje pedem a permanência do treinador. Depois de garantir espaço na história da Portuguesa junto com um elenco repleto de histórias e fatos marcantes, será que teremos o volume 2 desta história? Pois bem, isso só o tempo dirá e o relógio roda, já que o tempo não espera e a Copa Paulista já bate à porta. 

4 comentários

  1. Eu não teria contratado o Sérgio Soares, teria tentado o Sérgio Guedes ou o Paulo Roberto. Achava que o Sérgio Soares era bom técnico, mas os últimos trabalhos dele deixavam a desejar. Porém foi só o campeonato começar que me rendi ao trabalho do comandante rubro-verde. Foi peça fundamental nesta conquista. Gostaria muito que ele continuasse a frente da equipe e conquistasse a Copa Paulista também.

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