Torcida da Lusa em protesto na Avenida Paulista contra o rebaixamento (Foto: Divulgação)

“Lemniscata” é um termo originado do Latim que significa, no Esoterismo, a eterna recriação e a repetição do Universo. É a infinitude representada por uma espécie de 8 deitado.

Este é um número cheio de significado para mim, na minha relação com a Portuguesa. Era o número do Toninho, meu primeiro ídolo; Dener, o gênio que o tempo nos negou, usava a oito na histórica Copa São Paulo de 1991; Enéas, o gênio esquecido,que aterrorizou defesas adversárias com a Cruz de Avis ao peito e o 8 às costas, tornou-se eternidade oito anos depois de ter saído da Lusa.

Era um 27 de dezembro, exatos 25 anos antes do dia 27 de dezembro de 2013, dia em que o farsante STJD condenou a Portuguesa à Série B graças à escalação do meia Héverton na última rodada do Brasileirão daquele ano, no último jogo da Lusa na Série A.

O dia? Oito de dezembro. Há exatos oito anos .


Não vale a pena relembrar nestas linhas o ocorrido, pois uma simples busca no Google traz toda a sorte de informações e opiniões, estas nem sempre corretas, do que aconteceu para que a Portuguesa pusesse-se a jeito, como diz-se em Portugal. Como também não faz sentido nenhum não admitir tantos erros que nos deixaram ao alcance da armação que teve lugar na malfadada Rua da Ajuda.

Mau fado este, o nosso. Um fado cantado com melancolia, como todo bom fado deveria ser, caso este fosse bom. Não se enganem: faça o que fizer, a Portuguesa só começará a sair do limbo em que se encontra no dia em que exorcizar seu maior fantasma. No dia em que o ano de 2013 deixar de ser eterno.

Só depois disso é que será possível retomar alguma coisa. Até lá, o samba do mestre Cartola, que nasceu em 1908 e partiu em 1980, cairá como uma luva para o fado lusitano: “Em cada amor tu herdarás só o cinismo, quando notares, estás à beira do abismo. Abismo que cavaste com seus pés”.

E este abismo já dura oito anos de um sofrimento perene, contínuo, uma eterna recriação, uma repetição de um pesadelo que não acaba.

Lemniscata.

* Marcos Teixeira, 43, é jornalista, lusitano e colunista do site Ludopédio.org

6 comentários

  1. Não vamos ser ingênuos em acreditar que a Portuguesa é a vitima.
    A torcida sim, essa é a vitima
    Pior, já tivemos tempo suficiente para levantar, sacodir a poeira e bola pra frente
    Tínhamos condições de disputar a Série B e voltar no ano seguinte
    Vimos uma multinacional escolher um time do interior ao invés do nosso, dúvido que alguém aceitaria ser a Red Bull Lusa
    O que aconteceu com a Chapecoense foi bem pior e ela está la, sobe e desce da A pra B e já tem título até Internacional
    E o Athletico, construiu, modernizou o seu estádio e já tem títulos nacional e internacionais
    Nesses oito anos tivemos tempo de transformar o Canindé numa Arena multiuso, mas tudo é complicado pra nós
    E nem me falar sobre elenco, veja o Fortaleza, buscou um técnico estrangeiro, tem um elenco de meio de tabela pra brigar pra ficar na A e chegou na Libertadores
    O que nos falta é deixar as histórias do trator, do Castrilli, do título dividido para trás, deixar de fazer exposição de taças de série B que ninguém coloca no currículo, deixar de seu um time folclórico e deixar de achar que somos a vítima
    A Portuguesa é um clube grande, o que precisa é de administradores do mesmo tamanho

  2. O que mais me deixa abismado é que até hoje ninguém dentro da APD esclareceu o que houve ou investigou.
    Será que existia algum interesse em deixar esse assunto pra lá ?
    Vergonhoso, ficamos taxados como “TIME DE VENDIDOS”.
    Alguém ganhou muito com esse rebaixamento e com certeza não fomos nós torcedores.

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