O futebol, talvez, seja mais antigo do que plantar um pé de café. Mas há quem insista em se imaginar o descobridor dos sete mares ou mesmo ter achado a fórmula mágica. Provavelmente se comparando a Isaac Newton, que concebeu a Lei da Gravidade, ou a Albert Einstein, que criou a Teoria da Relatividade.
+ Alex Silva e Fernando Henrique desfalcam a Lusa contra o Botafogo
Mas para desespero geral da nação rubro-verde, o futebol está longe de ser física quântica. E tampouco se resume a um combinado de dados e métricas, que são colhidos em realidades distintas ao praticado no objeto fim. Não entendeu? Vou explicar e prometo ser didático.
Pouco – tendo a acreditar que nada, mas serei bacana – importa se o jogador “A” foi espetacular na primeira divisão da Tanzânia, porque as condições competitivas de lá não se aplicam, por exemplo, no Paulistão. Não dá para comparar minutagem, cabeceio vindo da direita, vindo da esquerda, arremate a média, longa e curta distância, ataque ao espaço vazio e por aí vai.
Mas por quê? Porque é preciso levar em conta tipo de jogador, clima, piso do futebol tanzaniano (no nosso exemplo), entre outros pontos e fazer o mesmo mapeamento desses indicadores do Paulistão. Chama-se medir a competitividade.
Sem contar que o futebol é um esporte coletivo, portanto, talvez o companheiro de ataque, meio ou defesa tivesse uma habilidade específica que favorecesse o jogo deste jogador “A”. E que sem o companheiro da vez por aqui, impossível reproduzir a performance.
É duro, porque para desespero de quem acredita no deus “Dados”, o futebol esfrega, sem pedir licença, que não se resume a algoritmos, estatísticas e blá blá blá. “Ah, mas funciona no Manchester City!”. My friend, follow me. Funciona porque os caras torram grana sem dó e nem piedade, manja?!?
Lá, o sheik da vez abre o cofre e manda buscar o melhor treinador do mundo, o melhor limpador de chuteiras do planeta e, claro, o craque do momento. Daí, fim.
“Ah, mas dá para fazer um time competitivo com menos recurso.”. Claro que dá. Mas para isso precisa entender de futebol e, claro, ser humilde. Duas coisas que simplesmente a Inteligência Artificial não dá conta. Isso se chama vivência.
Porque sejamos francos: o desempenho da Portuguesa é ridículo; a montagem do elenco é pífia; e o resultado dentro de campo me causou zero surpresa.
Tenho zero surpresa, porque o time de 2024 era melhor que o esquadrão desse ano. Mesmo com menos dinheiro, a Portuguesa conseguiu reunir jogadores, que senão craques, estão longe de serem ruins. A saber: Victor Andrade, Robson, Zé Ricardo, Ricardinho, Giovanni Augusto, Patrick.
Quais dos atuais se aproximam dessa turma? Pois é…
Mas como Métricas veste a camisa 10 no Canindé, então vamos nos debruçar sobre elas. Melhor, um plus. Vamos combinar os números a fatos e observações. A elas:
Em 2024, quando a Portuguesa tinha bem menos dinheiro, a Lusa perdeu para o São Paulo por 1 a 0 jogando bem. Gol de cabeça de Luiz Gustavo. Para o Palmeiras, perdeu por 2 a 0, num jogo que somente se desenrolou depois da errônea expulsão de Victor Andrade, quando ainda estava 0 a 0.
Só que tem um detalhe. Nem Palmeiras nem São Paulo entraram com equipes mescladas e juniores. Jogaram completos.
Só que vergonha o algoritmo ainda não lê. Fica só para o ser humano mesmo. Passar vergonha é muito emocional ainda para a inteligência artificial, mas não tenho dúvida que se chegará lá.
O problema é brigar com o óbvio. O time da Portuguesa 2025 é ruim. É fraco. Tem ideia de jogo, mas falta competência na execução. Falta melhorar o pé-de-obra. Isso o algoritmo deveria ter previsto.
Sem contar que os que dão ar de esperança dentro de campo, a torcida lusa já conhece. E conhece bem. Mas talvez seja uma surpresa para quem acabou de chegar. Por isso, vamos lá. Estou falando do Hudson (base), do Pedro Henrique (base), do Tauã (já no elenco), do Cristiano (já no elenco), do Maceió (já no elenco).
Como gostam de números, é só contar: 1, 2, 3, 4, e 5. Ou seja, meio time. E se colocar o Rafael Pascoal na meta, ele toma a posição do atual arqueiro e não larga mais. Outro da casa, chegando a 6.
Que coisa, hein…
Agora, se isso é heavy metal, eu canto como Frank Sinatra. Porque a Portuguesa de hoje, em campo, parece um sertanejo no melhor estilo “sofrência”. E o final dessa história será uma só: “série A-2 a que me tens de regresso”.
Esse sim, Nelson Gonçalves, cantava bem, porque era bom. E ninguém precisou de Inteligência Artificial para dizer “como canta bem esse Nelson”.
* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA