Luís Ricardo relembra “Barcelusa” e opina sobre queda no ano seguinte

Lateral direito recordou do título da Série B conquistado pela Portuguesa

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Luís Ricardo durante amistoso no Canindé (Foto: Ronaldo Barreto/NETLUSA)

Talvez a lembrança mais recente de um time competitivo da Portuguesa para o torcedor é o elenco de 2011. A equipe massacrou na Série B o Brasileiro daquele ano, aplicando goleadas e até ganhou o apelido de “Barcelusa”. Um dos destaques da campanha, o lateral-direito Luís Ricardo relembrou esse momento no programa Paixão Lusa, da Rádio Trianon.

O atleta afirmou que o Jorginho, treinador daquele time, conseguiu unir o grupo e extrair o melhor de todos.

“Dentro de um grupo que o Jorginho conseguiu nos unir, as coisas fluem. Rogério e Valdomiro naquela oportunidade se deram muito bem. Foi nessa época também que eu mudei de atacante para lateral-direito. Ou seja, tudo mudou e acabou dando certo. Fizemos um grande ano”, disse.

Luís chegou à Lusa para atuar como atacante, mas foi deslocado e acabou dando certo na lateral. O jogador contou como isso aconteceu. “Em um jogo em Barueri, quando eu jogava de atacante, com a 9. O Pimentel, logo no início, foi expulso. Achei que iam tirar um atacante, no caso eu, para colocar um defensor. Eu pedi para não me tirar, falei que ficava na beirada. Ele (Jorginho) deixou. Durante a semana, contrataram o Jael, então o Jorginho falou para eu me virar e jogar na beirada. Falei que queria estar no time. Fui me aperfeiçoando e virei lateral”, declarou.

Depois de uma campanha de apenas três derrotas em 38 jogos do Brasileiro, esperava-se um time voando em 2012, mas não foi o que aconteceu. No Paulistão, a Portuguesa foi rebaixada, e Ricardo falou sobre o que ele acredita ter sido o motivo.

“A saída de algumas pessoas fez a diferença, mas, no meu ponto de vista, teve excesso de confiança. Depois de um jogo, a gente sempre falava ‘no próximo vai dar certo’, e não dava. Pelo jeito que jogávamos, como se diz, parecia que ‘o rio corria para o mar’. E não foi dessa forma. Uma Série B é diferente de um Paulistão. A gente estava achando que tudo ia dar certo, que as coisas iam se encaixar. E o Jorginho já não conseguia mais extrair algo da gente. Tanto é que, na saída dele, ele falou que preferia sair porque não conseguia tirar nada dos jogadores, que estavam muito confiantes. Ele disse que achava que tinha que sair para outro profissional dar continuidade no trabalho”, contou.

Trabalhar com Dida

Com bom humor, o jogador também falou sobre a passagem de um dos grandes goleiros da história do Brasil pela Portuguesa. O lateral comentou como a seriedade de Dida trabalhando, às vezes, intimidava até os mais experientes.

“Foi uma honra trabalhar com ele. Não era de falar muito, mas só de sabermos da história dele era muito importante. Tem uma história que o Valdomiro me falava ‘Luís, fala para o Dida sair do gol’. Eu respondi: ‘Val, eu vou falar para o Dida sair do gol? Ele não saía do gol no Milan, na Seleção, não vai sair aqui. Se você quiser, fala você. Eu não falo’. Teve um lance em que o Valdomiro fica esperando ele sair do gol, mas não ele saía. Então, ele virou para mim e disse ‘Fala para ele, Luís!’, mas não falou direto para o Dida. Ele abaixou a cabeça, com medo de olhar, e gritou ‘Sai do gol, Dida!’. Falei para ele que ele era um pipoca, não tinha coragem de falar para o Dida sair do gol”.

Amizade com Ananias

O jogador ainda falou de um dia em que passou apuros com Ananias, jogador que foi um dos que estavam no voo da Chapecoense que caiu, em 2016, e faleceu.

“Estávamos em um hotel, na concentração, ouvindo louvores no quarto. A porta meio encostada. Íamos descer para a preleção. De repente, entram dois caras armados no quarto perguntando ‘cadê elas?’. Com o coração na boca, a gente perguntava ‘cadê elas o quê?’. Ficamos sabendo que o hotel chamou dois policiais que estavam à paisana para irem no quarto de alguém que estava ouvindo música alta… essas primas da vida. Como ele ouviu um barulho muito alto no nosso quarto, acharam que era no nosso andar. Eles contaram para nós depois até que desconfiaram, porque pensaram ‘Pô, não acredito que elas estão ouvindo louvor’. Resumindo, na preleção o Jorginho perguntou. O jogo foi ruim, e o Jorge falou ‘pode colocar na conta dos dois, que ficaram com medo aí'”.

“O Ananias era diferenciado, excepcional. Eu era de concentrar com ele. No ocorrido (acidente) fiquei muito triste, a gente era amigo fora de campo, de frequentar a casa do outro. Teve um jogo do Botafogo contra a Chapecoense, peguei a camisa dele. O que ficam são essas lembranças, por isso gosto de contar”.

Para encerrar, o jogador de 35 anos não descartou um retorno à Portuguesa. “Tenho muita lenha para queimar ainda. Se chamarem, a gente volta, com certeza”, brincou.

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