Foto: Reprodução

Antes mesmo do Brasil levantar a taça do seu primeiro título da Copa do Mundo, em 1958, um outro brasileiro, ídolo da Portuguesa, já detinha o posto de campeão mundial. Amphilóquio Guarisi Marques, o Filó, conquistou o título vestindo a camisa da seleção da Itália, em 1934.

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Filó nasceu em São Paulo no dia 8 de junho de 1905, 15 anos antes da fundação da então Associação Portuguesa de Esportes. Contudo, a história do ponta de 1,66m e franzino foi longa e começa em 1922. O pai do atleta, Manuel Augusto Marques, que foi o segundo presidente da história da Lusa, o levou para o time rubro-verde. Com a camisa lusitana, ele ficou dois anos e disputou 50 jogos, com 21 gols anotados. O jogador não chegou a conquistar títulos pela equipe, mas marcou o seu espaço na história do clube.

Filó com o elenco da Portuguesa (Foto: Divulgação)

Em seguida, Filó passou por Paulistano Paulistano e Corinthians. No primeiro, inclusive, ele criou uma amizade com um dos maiores nomes do Brasil na época, Arthur Friedenreich. Depois, em 1931, o atleta lusitano acertou com a Lazio, da Itália.


Um fato curioso é que o jogador chegou a vestir a camisa da Seleção Brasileira durante a excursão da Copa América de 1925. No entanto, ele perdeu espaço devido a um litígio entre paulistas e cariocas que o tirou do Mundial de 1930, além do tempo que os canarinhos estavam sem fazer boas campanhas depois do torneio sul-americano.

Ídolo na Lazio, chamado para a Copa do Mundo

Se no Brasil Filó já havia recebido destaque e se tornou ídolo com a camisa da Portuguesa, foi na Itália que ele consagrou-se. A conquista dos títulos paulistas com Paulistano e Corinthians, já que naquela época existiam duas federações estaduais e torneios distintos, o jogador chamou a atenção do clube biancocelesti.

Elenco da Lazio de 1932. Filó é o terceiro jogador da esquerda para a direita (Foto: Divulgação)

O presidente da Lazio, Remo Zenobi, era empresário com negócios no Brasil e levou para a Europa alguns grandes nomes formados no Brasil e descendentes de italianos, como Niginho, Nininho, Del Debbio, De Maria e Rato, além do técnico e jogador Amílcar Barbuy, formando assim a “Brasilazio”.

Filó, filho de italiana, também fez parte deste grupo de reforços verde e amarelo. Contudo, nos primeiros jogos, Guarisi, como passou a ser conhecido, recebeu várias críticas. Ele chegou a se desculpar e dizer que esperava sapatos feitos sob medida vindos de São Paulo para jogar. Após receber os calçados, anotou dois gols na vitória sobre o Bari por 3 a 2 e deslanchou, sendo titular em cinco das seis temporadas que esteve no clube da Itália. 

Destaque na Itália, convocado para a Azurra

O sucesso fez o ponta ser convocado por Victorio Pozzo para seleção da Itália, onde atuou em seis jogos e anotou um gol, contra a Grécia. O confronto foi válido pelas Eliminatórias, mesmo sendo o país sede da Copa de 1934. O duelo terminou com goleada italiana por 4 a 0. Ele foi o único brasileiro e jogador da Lazio chamado para a Copa do Mundo.

Embora tivesse sido titular na estreia diante dos Estados Unidos, em jogo que terminou com vitória da Italia por 7 a 1, o atacante perdeu a posição para Guaita. Apesar disso, Filó, ao lado dos companheiros, sagrou-se campeão com a Azurra.

Considerado um jogador simpático e goleador, Filó deixou a Lazio como o maior artilheiro da história do clube, na ocasião, com 43 gols anotados em partidas oficiais. A marca seria ultrapassada por Silvio Piola, que atuou na Lazio de 1934 até 1943.

De volta ao Brasil, o jogador vestiu as camisas de Corinthians e Palestra Itália, este último que se tornaria o Palmeiras anos depois. Depois de se aposentar, Filó chegou a viajar para terras italianas. No local, ele foi homenageado e recebeu condecorações pelo título mundial.

Filó faleceu em 1974, aos 69 anos, 27 dias depois do primeiro Scudetto da Lazio e apenas dois dias antes do 40º aniversário do primeiro título mundial da Itália, aquele do qual fez parte. O jogador se eternizou com a camisa da Portuguesa e também na história do futebol brasileiro. O Brasil levantou a taça de campeão do mundo pela primeira vez apenas em 1958, na Suécia, mas a Lusa já havia sido representada 24 anos antes.

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