OPINIÃO: Batata queeeeente!

0
Foto: Marcos Ribolli

Para quem observa com atenção, há uma característica curiosa na acentuada decadência que a Portuguesa apresenta nos últimos três anos. Sempre em situações críticas no futebol, o clube está em “transição”: seja por embate político, simplesmente abandono ou conveniente omissão, a indefinição não permite atribuir responsabilidades diretas com precisão.

LEIA MAIS:
Segundo jogo entre Lusa e Parnahyba será com portões fechados
“Mostramos uma equipe compacta”, diz Anderson após derrota

Veja quem são os famosos que torcem para a Portuguesa
Confira fotos das gatas que já representaram a Lusa em concursos

Na fatídica última rodada do Brasileirão de 2013, quando Héverton foi escalado irregularmente e a Lusa se tornou presa fácil para o STJD, Mané da Lupa estava passando o poder para Ilídio Lico depois de um acordo para formar uma chapa de coalizão (http://globoesporte.globo.com/futebol/times/portuguesa/noticia/2013/12/novo-presidente-promete-pagar-salarios-do-proprio-bolso-e-lusa-treina.html). Nos dias a seguir, os mais turbulentos da história do clube, membros das duas administrações se revezaram em manifestações à imprensa e à torcida. A máxima “cão com dois donos morre de fome” nunca encaixou tão bem.

Poucos meses depois, no calor de um embate atrapalhado e frustrado contra a CBF, a Portuguesa praticamente enterrou as chances na série B de 2014 ao sair de campo em Joinville, supostamente amparada por liminar de um torcedor, em um dos episódios mais mal explicados da história – a lógica diz que se algum preceito jurídico estivesse realmente sendo descumprido, à Lusa interessava terminar a partida e tornar a CBF oficialmente uma entidade “fora da lei”. Entretanto, aconteceu o contrário: o clube fez com que o vento da opinião pública e imprensa virasse, foi desmoralizada perante elenco e atletas e pavimentou o caminho para a Terceirona.

Curioso perceber que na mesma noite o diretor-jurídico, Orlando Cordeiro de Barros – até então o homem a frente de praticamente todas as respostas na batalha nos tribunais pós-Heverton – pediu o boné, sendo substituído imediamente por José Luiz Ferreira de Almeida, que garantia a quatro ventos que a Lusa iria parar o futebol brasileiro no ano da Copa do Mundo (http://esportes.r7.com/futebol/contrariado-vice-presidente-juridico-da-portuguesa-pede-demissao-18042014 e http://esportes.terra.com.br/blogdoboleiro/blog/2014/04/21/novo-vice-da-portuguesa-diz-que-serie-a-e-serie-b-vao-parar/). Defendeu o clube em mais um bizarro julgamento no STJD, em que não aconteceu outro rebaixamento no tapetão por milagre. Mas que seria confirmado no campo, com a pior campanha da história – quatro vitórias em 38 jogos, um aproveitamento em pontos de 21%.

Depois de cair para a série C e enfrentar um período de caos (sem estádio e relatos de que os atletas profissionais eram alimentados com lanches de mortadela), o presidente Ilídio Lico renunciou faltando poucas rodadas para o fim da série A-2. (http://globoesporte.globo.com/futebol/times/portuguesa/noticia/2015/03/ilidio-lico-entrega-carta-e-renuncia-ao-cargo-de-presidente-da-portuguesa.html). Ou seja, na iminência do desastre e com pouco a ser feito pela gestão que se sucederia. O resultado todos conhecem: mais um rebaixamento na coleção depois de tomar 3 a 0 do São Paulo no Morumbi, com um time absolutamente desfigurado, técnico interino (o mesmo que cumpriu tabela nos últimos rodadas da série B anterior) e nenhuma perspectiva de futuro.

Na série A-2 deste ano, isso se repetiu. Para um clube com a tradição da Portuguesa, o não-acesso nessa divisão equivale a outro descenso. Em meio da insatisfação dos atletas, da torcida e um risco real de conhecer a A-3 em 2017, o presidente Jorge Manuel Gonçalves e a diretoria de futebol disseram adeus (https://netlusa.com.br/2016/03/30/jorge-manuel-goncalves-renuncia-a-presidencia-da-portuguesa e https://netlusa.com.br/2016/03/28/apos-eliminacao-lusa-anuncia-saida-da-diretoria-de-futebol/). Agora, descobrimos que o campeonato ainda não acabou – por falta de pagamento de salários, a Lusa acaba de ser denunciada ao TJD e pode amargar outro rebaixamento. E mais uma vez fora de campo. Será que o 0 a 0 contra o Atlético Sorocaba entrará para a história como o 0 a 0 com o Grêmio? Não sabemos, até por que não há nenhuma posição oficial da Portuguesa, não há direção, não há luz no fim do túnel.

Mas quem é o culpado? A diretoria anterior, a atual ou a interina? Todos? Quem vai dizer que errou? Essas são as perguntas que os torcedores fazem há três anos, enquanto um vai passando a batata quente à portuguesa para o outro em alta velocidade.

Por Luís Alberto Nogueira


0 Comentários
Mais votado
O mais novo Mais antigo
Inline Feedbacks
View all comments