Foto: Arquivo do Museu Histórico da Portuguesa

Na manhã do último domingo (7), no Canindé, se iniciaram os festejos para a comemoração dos 102 anos da Velha Senhora da Marginal, a Portuguesa de Desportos. Foi realizado um jogo contra a Seleção de Luziânia para matar saudades da primeira conquista da Portuguesa na Copa São Paulo de Juniores. Vários jogadores que atuaram na brilhante campanha que resultaram no primeiro título dos red-greens no torneio estiveram presentes. Dener, falecido, será representado por seu filho.

Lembremos aqui aquela memorável conquista:

A Copa São Paulo de Juniores de 1991 foi a 22ª edição do torneio. A Portuguesa conseguiu nessa edição a melhor campanha que um clube, até então, havia conseguido na “Copinha”. Um campeonato perfeito, foram nove jogos com nove vitórias, ao todo o time rubro-verde marcou 32 gols e sofreu sete tentos.

Tábua de artilharia rubro-verde nessa na Copa São Paulo de Juniores de 1991:


Sinval 12 gols, que foi o artilheiro da competição.
Dener 08 gols, eleito o melhor jogador do campeonato.
Pereira 05 gols
Tico 04 gols
Romã 01 gol
Baiano 01 gol
Gol contra 01

A irretocável trajetória dos meninos lusos foi a seguinte:

Estreia contra o América de São José do Rio Preto no Pacaembu. Lusa venceu por 2 a 1 com dois gols de Sinval.

2º jogo Canindé Portuguesa 5 X 1 Flamengo de Rondônia. três gols de Sinval; um de Pereira e o outro foi gol contra.

3º jogo Canindé Portuguesa 8 X 2 Sergipe. Três gols de Sinval; dois de Dener; Romã; Pereira e Tico.

4º jogo Pacaembu Portuguesa 2 X 0 São Paulo. Dois gols de Dener.

5º jogo Canindé Portuguesa 3 X 0 Santo André. Dois gols de Sinval e o outro de Dener.

6º jogo Canindé Portuguesa 3 X 1 São Bernardo. Gols de Baiano, Dener e Pereira.

Quartas de final: Canindé Portuguesa 2 X 1 Bahia. Gols de Sinval e Dener.

Semifinal Pacaembu Portuguesa 3 X 1 Goiás. Dois gols de Tico e o outro de Pereira.

Final Pacaembu Portuguesa 4 X 0 Grêmio. Gols de Dener, Sinval, Tico e Pereira.

Eis o time que disputou a final e conquistou o título:

Paulo Luís; Josias; Souza; Baiano; Romã (Charles); Maninho; Dener; Cícero; Tico; Sinval; Pereira. Téc.: Écio Pasca

Uma curiosidade é que diferentemente das demais finais da Copinha que são sempre disputadas no dia do aniversário da cidade de São Paulo, 25 de janeiro, a finalíssima contra os valentes gaúchos foi no dia 26 de janeiro, um sábado.

A campanha vitoriosa foi marcada por um esquema tático concebido pelo criativo treinador Écio Pasca, esquema que entrou para a história da Portuguesa e para o folclore do futebol como “Losangos Flutuantes”.

O Esquema era o seguinte, isso nas palavras de seu próprio criador, Écio Pasca dado ao ESPN anos mais tarde: “Na Portuguesa eu escalava um líbero para proteger a defesa, dois alas, que tinham de defender e atacar, e um homem de referência na área adversária, o Sinval. O desenho era um losango. A flutuação ficava com o Dener, que jogava solto no ataque e não era cobrado por mim para ajudar na marcação. Quem fazia esse trabalho era o Tico. Mas o Tico tinha muito mais conhecimento tático e, às vezes, flutuava também”.

O sempre carismático Écio Pasca para surpreender o Grêmio na final fez uma variação de seu esquema tático “losangos flutuantes”. A variante que o bom treinador usou foi o da “Tempestade no gramado” uma clara alusão da “Operação Tempestade no Deserto” que os EUA aplicaram no Iraque para derrotar o ditador Sadan Hussen.

A “tempestade no gramado” consistia em uma blitz que o time luso faria de forma intensa sobre a defesa do Grêmio. A ideia era marcar o primeiro gol até os 10 minutos de jogo, o primeiro tento luso até que atrasou um pouco já que o gol surgiu aos dez minutos e quinze segundos quando Dener marcou vencendo o bom goleiro Darley do Grêmio. Depois mais tranquilo o time luso voltou para o esquema “losangos flutuantes” e a goleado veio naturalmente com direito até de olé.

Para coroar a bela exibição e o título uma chuva leve deu a graça de sua presença para abençoar a todos os presentes no tradicional Pacaembu. Quando Ulisses Tavares da Silva Filho, árbitro que comandou espetáculo, trilou seu apito colocando ponto final na partida, o gramado e a arquibancada se tornaram uma festa incrível que parecia não ter fim.

Era a Lusa conquistando seu primeiro título na copinha, colocando definitivamente seu nome no rol dos grandes campeões da Copa São Paulo de Juniores. Aquele time maravilhoso sempre será lembrado pelos torcedores rubro-verdes e por todos aqueles que amam o futebol bem praticado. Tornou-se eterno.

E para deixar ainda mais especial essa conquista e entrar definitivamente na história, Arnaldo Faria de Sá, presidente da Portuguesa e também deputado federal, conseguiu que o Presidente do Brasil, Fernando Collor de Mello, recebesse o time luso o Palácio do Planalto. Os meninos lusos, garbosamente vestidos subiram a rampa para se encontrarem pessoalmente com o Presidente da República.

A Lusa, a eterna e valente Lusa, sempre a nos proporcionar momentos de emoção.

* Sérgio Luiz Henriques é torcedor da Lusa, historiador do clube e autor dos livros ‘Lusa: 100 anos de conquistas’ e ‘Lusa, todos os seus jogos’, ambos cedidos ao Museu Histórico da Portuguesa.

2 comentários

  1. Puxa que saudade de um time bem montado, com jogadores empenhados e focados na vitória. Gente que gostava de jogar na Portuguesa, tinha um carinho grande, respeito de craques que se formaram e se foram marcando época na Lusa. Agora é pensar na atualidade e que o passado sirva para lição ao time principal. Empenho, garra, disposição para o foco de fazer o melhor e uma Lusa grande novamente.

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