Maurício Capela: Ata e desata

Resolvido o desnecessário imbróglio, agora é hora de arregaçar as mangas e alcançar a maior meta do ano: o acesso à Série C do Campeonato Brasileiro

9
Foto: Divulgação/Portuguesa

A regra é clara. Ou pelo menos deveria ser. Mas o fato é que o “vai ou não vai”, fabricado nas alamedas do Canindé em relação à Sociedade Anônima do Futebol (SAF), ficou para trás. A Associação Portuguesa de Desportos é formalmente agora SAF. Portanto – não que antes já não fosse –, a questão está posta. Qual seja? A obrigação de subir para a Série C do Campeonato Brasileiro em 2025.

+ Vice da assembleia tenta registrar ata de posse, mas cartório nega

Nem vou gastar tinta, a vossa paciência e as minhas sinapses tentando explicar o óbvio. A Portuguesa precisa estar na Série C em 2026. E ponto final. Para começarmos um próximo parágrafo na história de recuperação do clube.

Sem essa conversa de que não deu tempo, de que a ata impediu isto ou aquilo, de que o jogador A, B ou C quer ir embora. My dearest friend, é o seguinte: em 2026, a Portuguesa precisa ter iniciado a sua volta à primeira divisão nacional. Porque se assim não for de que adianta a Lusa ter virado SAF? De que adianta ter virado um “bicho” jurídico novo se vai lutar com a mesma dificuldade de sempre contra adversários de calibre inferior a um time de SAF bilionária?

Receba as notícias da Portuguesa de GRAÇA no seu WhatsApp!
Siga o canal do NETLUSA agora mesmo!


Eu sei, nem precisa me explicar como vai se desdobrar esse bilhão de reais. Está tudo certo, estou na mesma página. Mas recurso com carimbo “futebol” precisa ser melhor executado, porque o dinheiro não foi investido no Paulistão de 25, ele foi gasto. Mal aplicado, a meu ver. Dos quase 20 jogadores, os que funcionaram talvez encham uma mão. E só.

Nem o treinador Cauan de Almeida está alheio ao escrutínio do desempenho. E apesar de ter minhas ressalvas quanto ao trabalho dele na competição e simultaneamente respeitá-lo, porque uma coisa simplesmente não tem nada a ver com a outra, entendo que sua manutenção foi um recado sobre como e o que pensa a SAF: a continuidade vai falar alto na Portuguesa.

Apesar de minhas desconfianças sobre o desenrolar dessa manutenção geral e irrestrita, eu também preciso ser honesto intelectualmente, porque se a diretoria confia no treinador, é louvável segurar a bronca e manter o trabalho em marcha.

É louvável, porque ganha-se tempo no estratagema tático. As contratações ficam mais ágeis. Filosofia de trabalho é melhor empregada e por aí vai…

Pois é assim que se ergue uma “casa sólida” no mundo da bola. Com convicção. E não com achismos. Convicções, concorde-se ou não, devem ser respeitadas. Porque pensar diferente é louvável, enriquece o debate. Mas ser “do contra” somente pelo prazer da contenda é pequeno. E a Portuguesa não tem mais espaço para pequenezas, sabe? Àquelas miudezas dentro de campo, estatutárias, administrativas e etecetera, etecetera, etecetera… A Portuguesa precisa voltar a ser a respeitada Lusa do Canindé. E achismos não contribuem para alcançar esse objetivo, ao contrário das convicções, que são sempre muito bem-vindas.

Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA


guest
9 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários