Marcos Teixeira: Portugal 4 x 2 Finlândia – E não se pode dormir

Primeiro dos três amistosos da Seleção de Portugal antes da Euro é prometedor, mas há com o que se preocupar

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Foto: Agência Lusa

Bom jogo, sinais positivos e alarmes ligados na seleção portuguesa no primeiro jogo da parte final da preparação para o Euro 2024. Os Tugas adiantaram a marcação para sufocar a Finlândia e jogaram ao seu bel prazer, ora com troca de passes curtos, ora esticando a bola. Se Markku Kanerva tinha a ideia de sair com a bola de pé e pé e manter três homens no campo de ataque, tudo isso foi por terra com a pressão lusitana, que fez com que os de branco mantivessem duas linhas com quatro para tentar proteger Hradecky. Independentemente da maciez do adversário, era preciso fortalecer conceitos e dar minutos a jogadores que perderam parte da temporada por lesão, como Pedro Neto, Nuno Mendes e Diogo Jota.

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O ponto mais positivo: a fartura que permite mudar taticamente sem trocar jogadores. Por outro lado, houve a desatenção que fez sofrer dois gols nos dois únicos ataques finlandeses, quando o único jogador de qualidade entre os da linha, Pukki – o outro é Hradecky, titular do Bayer Leverkusen -, esteve em campo. Foi o terceiro jogo seguindo em que Portugal concedeu dois gols a adversários menos apetrechados.

Os gols finlandeses nasceram de cinco minutos que podem ser fatais contra times melhores e em jogos valendo. No primeiro, não se pode deixar bater uma falta com a defesa toda arreganhada. Possivelmente, com Palhinha em campo, não haveria o espaço aproveitado por Pukki. O médio do Fulham é quem mais possibilita um sistema flexível quando baixa para jogar entre os centrais, justamente no espaço em que o único jogador digno de nota dos nórdicos recebeu para picar com classe por cima de José Sá.

O segundo foi uma perda numa saída de bola desleixada, que Pukki, aproveitou o remédio para marcar, sem maiores protestos. Fosse um dos nossos, teria pensado ao receber a bola: “Aié? Estás por aqui? Então vamos a isso”. E foi.

O caráter luso manda dizer que isso acabar não. Há quem diga que é bom ter acontecido agora. Quem dera os espaços que a Itália encontrou em 82 tivessem sido detectados antes daquele maldito jogo no Sarriá em que o gosto do brasileiro pelo jogo foi trocado pelo mero ganhar. Nada contra, também me aparece, mas prefiro a beleza à vitória arrancada a ferros.

Os dois passageiros que apanharam o comboio perto da estação de destino estiveram em grande plano: João Neves e Francisco Conceição, apesar de alguma falta de pontaria deste. Chico não será titular, mas será útil em contextos de jogo que precisam do 1 a 1. João mostrou uma maturidade que assusta, com apenas seis jogos pela seleção. Ambos foram os que mais deram na vista na retomada rápida após a perda da bola.

Não será este o time titular, tampouco o desenho que deverá ser visto na estreia. Espero, inclusive, que a ideia de três centrais seja abandonada de vez, pois perde-se força justamente onde há talento no atacado. Também não acredito em dois jogadores agudos iniciando juntos. Há Bernardo Silva, que obviamente começará a Euro como titular se nada extraordinário acontecer. Assim como Bruno Fernandes, o melhor jogador português da atualidade.

No mais, me parece que falta decidir uma ou duas posições, a depender da saúde de Pepe e de quem herdará o posto de Otávio como quarto homem do meio. Vitinha (provável)? João Neves (talvez, mas pode ser)? Matheus Nunes (furará a fila)? Pela característica, deveria ser este, mas ter chegado por último pode fazer com que parta um bocado atrás nesta corrida. Mesmo Ruben Neves pode ser o escolhido, embora isso demande mudanças pela sua característica mais técnica e menos impositiva.

Se Pepe não puder iniciar o Euro, António Silva está em vantagem porque está habituado às rotinas de uma linha de 4, em relação a Gonçalo Inácio, habituado a compor um trio de centrais no Sporting. Aqui, há um pormenor importante: o benfiquista encerrou a temporada em baixa e demorou a reagir ao rasgo de Pukki. Além do mais, Gonçalo parece estar com limitações físicas, o que pode ajudar o ainda benfiquista.

No mais, a careca até aqui literalmente brilhante de Roberto Martinez deve ter resolvido os demais nomes no onze inicial, privilegiando o equilíbrio com Bernardo Silva, que seria titular em qualquer seleção do mundo, mas que ainda está devendo uma grande participação em competições maiores. Por ora, a tendência é começar com Diogo Costa; Dalot, Ruben Neves, Pepe (ou António Silva) e Cancelo; João Palhinha, Vitinha (?), Bruno Fernandes e Bernardo Silva; Cristiano Ronaldo e Rafael Leão.

Retomando a questão dos cinco minutos em que Portugal desligou, houve um consenso em torno do momento ideal para acontecer, a tempo de remendar. É o copo meio cheio. Em 14 de julho, espero que esteja meio cheio de bagaço.


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