Foto: Marcos Ribolli

Parece filme, e de terror, mas não é. A situação da Portuguesa é cada vez mais nebulosa e sem uma luz no fim do túnel. Sem receber há dois meses – alguns não veem a cor do dinheiro há sete -, os jogadores sofrem com os problemas, sem o mínimo suporte do clube.

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Um atleta do elenco topou conceder entrevista exclusiva ao Portal da Band, desde que sua identidade não fosse revelada, e confidenciou as adversidades que o elenco passa, dia após dia, sem quaisquer explicações dos dirigentes.


Com salários atrasados, sem dinheiro para colocar gasolina e até mesmo com falta de comida (você entenderá adiante), os jogadores entraram em greve e não treinaram na última quarta-feira. Eles exigiam, com razão, o pagamento dos ordenados. Nesta quinta, no entanto, eles voltaram às atividades.

“Treinamos normalmente. Vimos que não iria fazer diferença nenhuma essa greve. Ninguém na diretoria se importa com a Portuguesa. A Lusa não merece estar nessa situação. É uma camisa muito respeitada no Brasil inteiro e me sinto orgulhoso por estar aqui. Eu oro todo dia para o clube melhorar”, disse.

O elenco retornou aos treinos após reunião com um advogado do clube, na manhã desta quinta-feira, no CT do Parque Ecológico. Ele conseguiu convencer os jogadores a desistirem da greve. “Uma coisa eu sei: pagando ou não, vamos continuar trabalhando. Não adianta mais fazer greve. Não consigo mais entender. Não sei se o clube tem dirigente, porque o novo presidente nunca foi falar com a gente. O clube está largado. O próprio advogado disse isso”.

“Todos estão sofrendo. Sempre aparecem pessoas diferentes que falam a mesma coisa: que vão atrás do dinheiro e tudo mais… Quando o Dunga (Antonio Ribeiro, ex-vice-presidente de futebol) estava no clube, ele corria atrás de tudo, era um cara certo, tentava ajudar. Ele saiu e desandou tudo”, complementou.

Falta de comida?

O ápice dos problemas na Lusa aconteceu nesta quinta-feira. Os jogadores não tinham sequer algo para rechear o pão no café da manhã, antes do treino. O atleta ainda cita que alguns companheiros não têm nem mesmo verba para colocar gasolina no carro.

“Alguns meninos não tem mais de onde tirar dinheiro. Eu dou carona para um jogador, porque nem dinheiro de gasolina ele tem. Pediu, por favor, se eu poderia ajudá-lo. Hoje (quinta-feira), não tinha nem manteiga para passar no pão. Comemos pão seco e fomos para o treino. Essa é a nossa realidade”, lamentou.

Chamou atenção de muitos a forma efusiva como os jogadores comemoraram o gol de Bruno Nunes, diante do Parnahyba, modesta equipe do Piauí. Poucos imaginavam que, aquele tento, significaria muito mais que uma bola na rede e uma classificação à segunda fase da Copa do Brasil. Significava um almoço e uma janta e cima da mesa.

“Muitos não entenderam por que comemoramos tanto a vitória por 1 a 0. Tinha gente no vestiário que falava ‘graças a Deus vencemos. Agora vou conseguir colocar comida em casa”.

Futuro

Agora, sem alternativa, o elenco da Portuguesa aguarda para saber se receberá qualquer quantia para tentar sobreviver. A expectativa é que a verba da classificação na Copa do Brasil – por volta de R$ 200 mil – entre nos cofre nos próximos dias. O jogo da próxima quarta-feira, diante do Vitória, no entanto, ainda segue sem confirmação se acontecerá. Isso porque o elenco ainda pensa em uma nova greve.

“Disseram que buscariam o cheque na CBF hoje (quinta-feira). Demos até terça de manhã para esse dinheiro aparecer. Caso não apareça, vamos ver o que fazer. Não tem nada definido se vamos jogar ou não”.

O Portal da Band apurou que o cheque servirá apenas para o clube acertar o contrato na CLT, receoso com um possível rebaixamento na Série A2. No entanto, auxílio-moradia e direitos de imagem não serão pagos. E os jogadores seguirão em situação caótica em um dos clubes mais tradicionais do Brasil.

A reportagem do Portal da Band tentou entrar em contato com o presidente da Portuguesa, José Luiz Ferreira de Almeida, mas o dirigente não atendeu as ligações.

Por Lucas Ventura, do Portal da Band

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