Presidente afirma pagamento de 75% de ações e questiona dívida astronômica

Além da baixa entrada de recursos financeiros devido aos resultados esportivos neste século, a Portuguesa tem encontrado dificuldades de fluxo de caixa por dívidas. Colocar essa questão em ordem tem sido um dos desafios do presidente Antonio Carlos Castanheira. Por causa disso, recentemente, a Lusa chegou a ter a arrecadação da festa junina penhorada por dívida.

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O mandatário, porém, garante que tem feito o possível e revelou que já pagou 215 de 286 ações trabalhistas da Rubro-Verde, o que corresponde a 75% do total. Além disso, o dirigente reclamou do passivo astronômico do clube.

“O grande problema da Portuguesa eram ações trabalhistas que beiravam um absurdo. Um jogador que pediu R$ 600 mil em 2002, e tinha direito. Durante o bloqueio de 11, 12 anos, sacou dos cofres da portuguesa nos bloqueios, bloqueando aluguel, bloqueando bilheteria, quase R$ 5 milhões. E a gente ainda deve R$ 29 milhões pro cara. Você consegue explicar um negócio desse? Isso é um cúmulo. Eu cheguei a falar isso. Está certo tecnicamente no jurídico está porque tem multa prazo que a Portuguesa também não cumpriu lá atrás aí volta para a dívida principal corrigir e fica um rolo compressor em cima de meia dúzia de cara que estavam se aproveitando a Portuguesa. Só que o modelo que a gente criou do acordo trabalhista matou a pau esses caras que estavam sugando a Portuguesa, favorecendo a tia da limpeza o tio cortava grama e precisava receber três mil reais em oito anos atrás e não recebia porque esses meia dúzia ficava sugando o tempo todo porque eles que entraram primeiro, então eles bloqueavam tudo e não dava para fazer a operação do dia a dia e muito menos pagar os outros trabalhistas”, revelou em participação no podcast Futeboteco.

“É IMPAGÁVEL”

O jogador citado por Castanheira é Marcos Vinicius, meio-campista que defendeu a equipe lusitana em 2002, portanto, há 22 anos atrás, e que ainda repercute no Canindé pelo alto valor. O presidente revelou que chegou a alinhar um acordo com o agora ex-atleta, que voltou atrás e espera receber de forma integral.

“O cara tinha direito a R$ 600 mil, bloqueou quase R$ 5 milhões ao longo desses anos todos e a gente deve R$ 29 milhões para ele. Eu estava tentando sentar com ele para gente colocar uma situação diferente, apartada dos pequenos, né? Estava negociando com ele isso, na hora que a gente começou a negociar ele voltou pra trás e falou não, não quero aceitar esse acordo, porque esse valor de R$ 29 milhões vai ficar para os meus netos e bisnetos. Foi isso que aconteceu”, comentou o dirigente, que negou que a Rubro-Verde tivesse pedido dinheiro emprestado para o ex-jogador, conforme notícia divulgada, nas últimas semanas, no Blog do Paulinho:

“Tinha uma conta de R$ 1 milhão que a gente liberou em comum acordo, aí ele deixou entrar no caixa da Portuguesa porque era dinheiro da Portuguesa. Aí a condição dele fazer o acordo comigo era eu liberar esse dinheiro pra ele. Eu liberei esse dinheiro pra ele, como emprestei para que a gente pudesse fazer o acordo, que depois ele deu pra trás e não fez. Eu queria fazer um acordo com ele. Ele não aceitou à vista e nem o abraço após essa situação. Na liberação de um milhão. Quer dizer, ele acha que vai receber R$ 29 milhões, é impagável. Ele não vai receber nunca”, detalhou o presidente, que voltou a reclamar dos altos juros das dívidas.

“O cara tinha direito a receber R$ 600 mil na sua empresa. Ele recebeu R$ 5 milhões ao longo de 11 anos. Te bloqueou tudo. Foi lá na tua conta, na tua casa, pegou R$ 5 milhões. E você deve 29 milhões por cada. Você pagaria? Isso é um absurdo. É o cúmulo do absurdo, cara. Eu fico doido por isso. Eu cheguei a falar lá em Brasília sobre isso. Não é só a Portuguesa que está passando por isso. Tem vários jogadores que estão nessa situação. Óbvio que tudo isso foi provocado por péssimas administrações. Quando fizeram acordo, descumpriram três acordos. Não tem nada de irregular tecnicamente e juridicamente falando. Não entra na minha cabeça. Um cara que pediu R$ 600 mil, recebeu R$ 5 milhões. Esse R$ 1 milhão na minha gestão que foi pro bolso dele, não foi para o meu bolso, como falam aí. Não foi. Alguém do mundo jurídico tem que olhar para a isso e falar: Espera. O senhor tá se enriquecendo dessa forma. Mas aí tá matando a instituição, tá matando o emprego. A Portuguesa chegou a ter 400, 500 funcionários. Hoje tem cento e poucos funcionários. Olha o caos social que um bloqueio, né, que uma amarração dessa por conta de três ações grandes e incoerentes ocasionam numa instituição centenária. A Portuguesa vai fechar por causa disso?”, completou.

LEILÃO DO CANINDÉ

Ainda sobre dívidas, a Portuguesa chegou a sofrer uma ameaça de leilão do Canindé como consequência. Sobre isso, Castanheira lembrou que foi ocasionado por 10 ações trabalhistas que não entram a tempo no acordo de centralização por estarem em trânsito à época e que estavam sendo colocadas no acordo, mas que uma não chegou a ser integrada a tempo, o que ocasionou o leilão.

“Foram 10 ações que não estavam na centralizada. Quando a gente fez o acordo, elas estavam em trânsito. Então elas não foram colocadas juntas com as centralizadas. A gente até estava acelerando pra colocar essas 10 ações na centralizada pra poder pagar lá, fazer o acordo lá. Mas uma dessas aí não deu tempo, já foi e fez o leilão, mas a gente acertou. Já fizemos o acordo pra acertar já. Já resolveu. Então não é que veio e fez o leilão, não. É porque elas estavam fora da centralizada. Senão o pessoal pensa que… Não, eram apenas as ações que na época estavam em trânsito e não estavam colocadas juntas com as centralizadas”, relembrou o dirigente.

FALÊNCIA?

Uma alternativa adotada principalmente por clubes de fora do Brasil, quando são empresas, é declarar falência para ‘driblar’ o pagamento de dívidas tidas como impagáveis. Entretanto, não é uma saída trabalhada pela Lusa, de acordo com o presidente, que rechaçou qualquer possiblidade.

“Prefiro fazer o que eu fiz. Por exemplo, podia ter entrado em uma RJ. Podia ter aberto falência. Abre falência, não paga ninguém. Mas eu resolvi mostrar que a Portuguesa tem potencial. Não paguei 215 ações à toa. Paguei porque a gente mostrou potencial de arrecadação suficiente por dia a dia pra pagar essas 215 e mostrar que as grandes são mentirosas, entre aspas. Porque não existe isso, cara. Pedir R$ 600 mil tinha direito, receber R$ 5 milhões e a gente ainda dever R$ 29 milhões por cara? Isso é meio absurdo. É esse assunto que a gente tá lutando contra aí. Deve ter umas 70, 80 (ações trabalhistas) mas não é só jogador, tem os 11, 12 jogadores que estão com essa verdade, entre aspas, de que a pessoa está pedindo um absurdo e quer receber… Imagina que vai receber R$ 29 milhões”, garantiu.

A SOLUÇÃO

Para colocar a Rubro-Verde em uma situação confortável nas finanças, o mandatário lusitano revelou ter estratégias elaboradas para operar no dia a dia. Uma delas é aposta em estrutura, seja no estádio, no centro de treinamento e em outros quesitos, no que tem como principal trunfo a negociação de jogadores.

“Tem estratégias elaboradas para a quitação do passivo, que seria já um valor de aporte. Estratégias elaboradas para a operação do dia a dia, porque não adianta pagar dívidas se você não injeta na operação do dia a dia. Você tem que modernizar a CT, que está lindo, mas precisa de evoluir mais, precisa de aumentar a parte de refeitório, precisa de aumentar a parte do dormitório, a hotelaria. Então, você tem passivo, você tem operação e você tem vencimento. Aonde? A matéria-prima. Qual é a matéria-prima? Jogador. Jogador, você tem que vencer na base, porque a gente já vem fazendo com sucesso o trabalho que a gente está fazendo no Sub-20, que está surtindo efeitos agora para nós. Então a gente tem essa história e também precisa ter investimento pra isso, pra que depois todo esse conjunto vai gerar receita suficiente pra pagar o investimento, pra retorno do investimento e pro lucro da operação, porque ninguém aí vai colocar dinheiro ou abrir uma empresa se você não almeja lucro. Então são várias anuências que tem que ser feitas pra chegar nesse momento”, finalizou o presidente.

O cenário recente é de melhora para a Portuguesa no ponto de vista financeiro, uma vez que em 2025 disputará a A1 do Paulistão pelo terceiro ano consecutivo, além de ter garantido vaga na Série D do Campeonato Brasileiro. Além disso, existe a possibilidade de jogar a Copa do Brasil.