A vitória da Portuguesa sobre a Portuguesa Londrinense por 2 a 0, na última quinta-feira, pela Copa Rubro-Verde, marcou o retorno de Zé Roberto ao clube que o revelou, e o meio-campista não escondeu a felicidade.
Em entrevista coletiva após o jogo, em uma sala de imprensa lotada não apenas de jornalistas, mas também de torcedores, o jogador, de 43 anos, disse que esse momento é uma volta no tempo e afirmou realizar um sonho.
Zé Roberto ainda se emocionou ao relembrar da sua trajetória no clube, citando a final do Campeonato Brasileiro de 1996.
Confira a entrevista na íntegra:
RETORNO À LUSA
Essa volta significa muita coisa. Eu voltar no tempo, meu início desde que cheguei ao areião, peneira, categoria de base, Taça São Paulo, profissionalmente e me projetando para o mundo. Voltar aqui hoje é voltar no tempo e voltar no tempo é ter boas recordações. Estar no Canindé é uma satisfação.
Por mim eu nunca tinha saído da Portuguesa. Mas por eu ter sempre sonhos na minha vida, de onde eu saí, periferia de São Paulo, sempre almejei alcançar meus objetivos, oportunidades foram aparecendo e fui em busca de tudo o que eu queria, jogar na Europa, Seleção, Copa do Mundo, ganhar um Campeonato Brasileiro. Sempre tive essa frustração, quando saí da Portuguesa e hoje voltando vejo o clube diferente. Na época era estruturado, investia na base, tinha conceito de grandeza, almejava sonhos, tinha totais condições de disputar com Corinthians, Santos e Palmeiras. Jogávamos de igual para igual, tanto que fomos pra final.
SENSAÇÃO DO REENCONTRO
Hoje (quinta-feira) foi uma volta ao tempo, voltar na época que eu tive o privilégio, por de onde eu saí até chegar a ser federado com 16 anos. Domingo quero chegar o quanto antes porque quero ver o contrato que assinei, que está no museu. Isso para mim é mais que título, mais que fama, que dinheiro. É uma coisa que vai ficar marcada. Para chegar onde eu cheguei, passei por tudo isso, meu primeiro contrato, areião, para quem saiu da periferia, desacreditado, e hoje estar em clube onde abriu as portas, é voltar no tempo que o torcedor era apaixonado (Zé Roberto se emociona neste momento). Quando jogamos o Brasileiro de 96, o aeroporto lotado. Hoje foi para relembrar essa época. E traz à tona que a Portuguesa pode voltar a ser o que era antes. Isso me comove, porque vivi isso e vendo hoje sei que ainda tem paixão no futebol, não é só dinheiro, não é só benefício próprio. Isso me alegra muito. A história podia ser diferente.
UMA LUSA GRANDE
Esse sentimento vai voltar quando os torcedores verem que a Portuguesa hoje conseguiu fazer um time de guerreiros, competitivo, e que quer buscar o acesso, crescer. Hoje conseguiu ver, ter essa identidade. Hoje o clube vive um momento difícil, mas tem um cara que não precisava fazer o que está fazendo, mas faz pelo pai, pela paixão, que é o Alexandre.
ACOMPANHAR A PORTUGUESA
Acompanho a Portuguesa há muito tempo, desde que saí, não é que vou acompanhar daqui pra frente. Vejo um clube muito motivado no sentido de buscar e voltar a ser o que era antes Vejo um presidente que tenho carinho e amizade desde que iniciei. Vejo um time formado para ser competitivo, que vai voltar a buscar o acesso e um treinador motivado. Participei do treinamento, dei palestra aos meninos que voltam a jogar a Copinha no Canindé depois de 15 anos. Tudo isso é trabalho de excelência que o Alexandre buscou. Passar por processo onde o lado financeiro foi afetado pelas dívidas que tem, quase perder o maior patrimônio. De alguma forma um meio será buscado para tudo ser sanado ou minimizado. Quando soube disso, pensei em fazer camisa, vender camisa para ajudar. O público que compareceu não veio só para ver o Zé Roberto, mas ajudar o clube. Isso tudo que está sendo falado eu pude ver nesses dias. Vi mudança, progresso, pessoas trabalhando, empenhadas, isso motiva. Hoje falamos palavras que vieram do coração, vi jogadores abraçando a ideia, vindo com comprometimento para que essa temporada seja referente.
CRITICADO EM 2012
Em 2012, vim jogar no Canindé pelo Grêmio e tomei um choque pela forma como fui recebido. Alguns torcedores me vaiaram, falaram mal de mim, me chamaram mercenário, isso me chateou, mas depois percebi o motivo. Encontrei o Alexandre e ele me contou que a diretoria disse que eu não tinha querido voltar para Portuguesa. Fiquei muito chateado com isso. De nenhuma forma fui procurado por alguém da Lusa, usaram de má fé para denegrir minha imagem perante o clube. Quando voltei a ter contato com o Alexandre, com as condições em que está o clube, ele me fez o convite pra jogar esse torneio. Eu de início já aceitei, disse que não precisava nem falar com o Palmeiras. Falei com o presidente do Palmeiras e disseram que eu podia fazer os dois jogos. É o clube que eu gosto, viram que era minha vontade. Hoje estou aqui realizando um sonho.
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