A gente já sabe que o esporte favorito do brasileiro nos dias de hoje não é mais o futebol, e sim a indignação seletiva. Na Portuguesa, não é diferente. Os mesmos resultados, erros equivalentes de gestão e bombas de confusão de igual calibre são vistas de maneiras diferentes dependendo do gosto do freguês – se você é amigo, tem contatos ou afinidades com um ou outro grupo político do clube, tenta passar a mão na cabeça. Caso contrário, joga-se pedras.
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Para os apoiadores da administração anterior, disputar para não cair na série A-2 era compreensível por conta da situação falimentar da Lusa. O famoso “era o que dava pra pagar”. Para os fãs da direção de hoje, entrar na série C tentando fugir do rebaixamento é aceitável. Tomar de 5 a 0 em casa na terceira divisão do Brasileiro, um acidente. A expressão da vez é “custo zero”.
Vamos estabelecer uma régua para todos de uma vez por todas: a camisa da Portuguesa é a mais pesada entre os times que disputam a série A-2 e a série C. As administrações do clube podem não acreditar ou fingir que não veem, mas é a mais pura verdade. Em um levantamento recente com os resultados da história do Campeonato Brasileiro, levando em consideração somente a série A, a Lusa ocupa a 20ª posição, apesar de ter disputado o principal torneio do país somente em três anos (2008, 2012 e 2013) nos últimos 10 anos.
Quando a Lusa disputa a série C ou a A-2 do Paulista, ela tem a mesma obrigação que Palmeiras, Corinthians, Vasco, Fluminense, Botafogo tem ao disputarem a série B: subir, de preferência com o título. O mesmo acontece com times com história equivalente: Bahia, Vitória, Santa Cruz e outros.
Apesar de todas as dívidas e heranças malditas deixadas desde o vexatório Caso Héverton (que, é bom lembrar, não motivou qualquer punição do próprio clube), é preciso ser muito incompetente, desconhecer futebol ou não estar com ele na ordem de prioridades para montar elencos inferiores aos times que estão nas divisões em que a Lusa está aprisionada.
É supor que somente um clube no país tem problemas políticos, de caixa, de relacionamento… Óbvio que todos têm, e a falta de consciência disso – um pensamento que vê o mundo limitado ao próprio umbigo – é sinal do buraco que o clube de futebol se encontra. No entanto, essa também é a fórmula para confortáveis desculpas na ponta da língua para alimentar a claque disposta a defender os seus e passar aquele pano umedecido sobre a sujeira. É tudo que a Portuguesa não precisa.
Por Luís Alberto Nogueira