Maurício Capela: Portuguesa inicia bem processo de reformulação

Os sinais são positivos até aqui. Depois do fim da campanha desastrosa no Campeonato Paulista de 2023, onde por alguns milagres a Lusa permaneceu na elite para 2024, o clube do Canindé insinua que entendeu o recado dos céus. Qual seja? Não se faz uma casa pelo telhado.

+ Portuguesa é citada por marroquino como time conhecido no Brasil

Aos fatos. O primeiro rito tem sido feito com sucesso: a dispensa, o deixar se retirar, o fim do contrato, como queiram, com uma série de jogadores do elenco formado para o Paulista de 23. Claro que essa lista ainda poderá ser engordada nas próximas semanas, mas até aqui tudo certo. Também o segundo ato foi completado com sucesso: a contratação de um novo executivo de futebol.

Independentemente da opinião da torcida do Vitória, que parece não ter gostado da passagem de Edgard Montemor por lá, informações colhidas por esse que vos escreve dão conta de que Montemor tem lastro. Se vai dar certo ou não, é outra história, mas parece ser dessa safra que, pelo menos, lê e entende o significado da palavra scout no mundo da bola. Ou seja, não contrata baseado no “ouviu falar”, o que já é ótimo. Também foi classificado como sério e correto. Portanto, vamos dar tempo ao tempo.

Terceiro ato e o mais importante: comissão técnica e plantel. E desde já digo: o posicionamento do vice-presidente de futebol da Lusa, José Roberto Cordeiro, está correto. Correto, não. Corretíssimo. Não se monta time com um mês para a bola rolar. E é isso. Sem muitas tergiversações e blá blá blás… Já deu de tentativas rocambolescas.

Trocando em miúdos, é justamente esse o ponto da Lusa agora. Comissão técnica e plantel. A mim, não faz muito sentido deixar o goleiro Thomazella sair, ainda que seja por empréstimo. Também não tem lógica alguma liberar Pará, Paraizo, Daniel Costa, Marzagão e Patrick. Afinal, qual é a missão? Ganhar a Copa Paulista e beliscar de vez a Série D nacional. Então, é preciso ter time para tal.

Sinceramente, quem ficar precisa entender que nenhum outro resultado será aceito a não ser a conquista dessa competição, cujo orçamento é baixo e a exposição pequena. Mas é o que temos para hoje. E para o amanhã.

Perde-se muito tempo com argumentos vazios, quando a realidade nos aponta na cara. A Lusa precisa ter de volta o calendário nacional. E essa ideia de montar uma espinha dorsal para no Paulistão 24 já na Copa Paulista de 2023, recheando depois com meia dúzia de bons jogadores, é o mínimo em termos de gestão de recursos e elenco.

O tempo do ônibus cheio ficou no século passado. Quem não entendeu vai esvaziar os cofres nas rescisões e perder competitividade. E acho, acho, que a Lusa aprendeu a lição de uma vez por todas. Assim, espero.

Ah, quanto ao técnico. Gostei do trabalho de Gilson Kleina. Foi técnico com “T” maiúsculo, mexeu na hora certa, no jogo diante do Mirassol. Tem meu respeito. E olhando para sua trajetória, de fato, tem jeito para montar base que depois resultam em algo nos times que comandou.

Agora, é aquilo. Gilson Kleina, se ficar, se for esse o nome, precisa entender que a missão é ganhar a Copa Paulista de 23. E mais. Ganhar com jogadores que ainda não tem nome no mundo da bola, portanto, encontrar bons atletas de qualidade técnica é um ponto que passa pelo olhar do treinador. Montemor pode até ter olho clínico, mas quem diz “vamos nessa” é o técnico. E não há espaço para erro.

Portanto, quem entendeu que a Lusa está sob pressão, parabéns, porque é isso mesmo. A Portuguesa precisa ganhar a Copa Paulista 23. Qualquer outra interpretação é vazia e vai atrapalhar a recuperação do clube. Com a palavra, os gestores, porque a responsabilidade é e será grande.

* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA