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Maurício Capela: A ressurreição da Portuguesa tem na base Dotti

Dono de grandes trabalhos no sub-20 rubro-verde, treinador pode alterar o jeito que o clube olha para a base, qual seja: o de não ter medo de colocar garotos no time de cima, mas o de não confiar nos treinadores para comandar o profissional

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Foto: Ronaldo Barreto/NETLUSA

“Em casa de ferreiro, o espeto é de pau.”. Surrado, mas atual, esse ditado popular se aplica integralmente à história da Portuguesa. Se dentro de campo, a equipe do Canindé não titubeia na hora de lançar jovens atletas, seja por necessidade ou por crença – e isso varia de acordo com momento do clube –, fora das quatro linhas, a história é outra. Muitas vezes, o time reluta a apostar em um treinador que já prestou bons serviços nas categorias de base da agremiação.

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Mas o ano de 2024 parece ser especial mesmo. Em meio as discussões de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), a disputa na fase de mata-mata do Paulistão e a desejada, importante e fundamental classificação à Série D em 2025, o comando da nau lusitana resolveu dar oportunidade a Alan Dotti.

Uma oportunidade, diria, até tardia. Mas como nos lembra outro dito popular: “antes tarde do que nunca.”. Dotti, chegou a tua vez. E merecidamente ela chegou.


Se vai dar certo ou não no time profissional, é outra história. E vamos analisar naturalmente quando a bola rolar na Copa Paulista deste ano, ou seja, logo mais em junho próximo. Agora, é preciso sublinhar a mensagem: a Lusa somente voltou a trilhar o caminho de retorno depois que olhou para os seus.

Na noite do “Galo Bravo”, em 1972, a Portuguesa do então presidente Oswaldo Teixeira Duarte colocou para fora uma turma boa de bola, alguns ídolos até, mas que em campo não estavam lá tão comprometidos com as cores rubro-verdes. Qual foi o resultado desse comando? Subiram um punhado de garotos bons de bola, Eneas, por exemplo, e o título paulista veio no ano seguinte. E tanto faz aqui a polêmica final diante do Santos. Porque a geração era tão boa, que em 1975 já disputava o caneco novamente do Paulistão, contra o São Paulo.

Duas décadas depois, a Portuguesa simplesmente fez a melhor campanha de todos os tempos da Copa São Paulo de Futebol Júnior até 2024: os losangos flutuantes de Écio Pasca, que revelou Dener, Sinval, Tico e companhia. Mas o que fez a diretoria a época? Subiu Dener de bate-pronto, Sinval e o restante precisou se virar nos 30.

Resultado? Gastou um bom dinheiro na contratação de Maurício, Nilson, Aravena, Cristóvão, Adil e companhia para ser eliminada pelo Corinthians em um quadrangular decisivo do Paulista de 1991. Ou seja, não beliscou nem a final.

Ah, sobre o técnico? Por merecimento, Écio Pasca deveria ter tido a oportunidade no time de cima. Mas a Lusa escolheu Emerson Leão.

Depois veio a era Benazzi e novamente com uma garotada da categoria de base, a Lusa voltou à Série A do Brasileiro e à primeira divisão do Paulistão.

Então, fica óbvio que a Lusa não tem medo de lançar a garotada, mas titubeia na hora de entregar o comando a técnicos da categoria de base. Por isso, a escolha por Alan Dotti é simbólica e faz muito sentido.

Basta lembrar a Copa Paulista de 2023. Leandro Zago, um treinador igualmente novo, mas acostumado a treinar a base em outros lugares foi o escolhido e os resultados também não foram como o imaginado. Dotti, inclusive, já poderia ter assumido ali a nau rubro-verde.

Mas passado é passado, eu sei. Só que ele pode nos ensinar um tanto, quando prestamos atenção aos meandros das escolhas.

Dotti, sem dúvida alguma, foi um dos responsáveis pelo renascimento da categoria de base rubro-verde no tocante à disputa no relvado. A Lusa foi competitiva sob sua batuta e revelou. Revelou Paraizo, mas também Ronaldo, também Kadir, também Patrick, também, também…

Base é para isso. É para revelar. Título na base também é gostoso. Também se comemora, mas é a cereja de um bolo bem assado. O melhor mesmo é revelar.

Portanto, é evidente que Dotti terá, desta feita, sua grande chance à beira do gramado. E se for mal, terá espaço na base rubro-verde. Agora, se for bem, a administração Castanheira vai ganhar um prazeroso problema para equacionar em 2025. E eu tenho certeza de que ele não vai reclamar a respeito. Boa sorte, Dotti! Pise fundo, porque a nossa fé te empurra!

* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA

10 comentários

  1. Em 1972 a Portuguesa deu a volta por cima depois da dispensa de grandes jogadores, não pelo fato de lançar jogadores da base, que na verdade somente Eneas se destacou,o que valeu na época foi a contratação de jogadores de peso como Pescuma, Calegari, Badeco e Dicá.Jogadores da base que subiram eram fracos, Cardoso e Izidoro.Ao longo do tempo poucos jogadores da base se destacaram,Zé Maria, Zé Roberto, Dener, Rodrigo Fabri e Diogo.Essa geração que temos hoje, não vejo nenhum jogador que possa se destacar.

    • Graças a Deus aparece um cara que conhece de Portuguesa!!!! Se for pra guerra com esse time vai passar vergonha na CP!!! Hj ñ vencemos o sub 20 do Vasco, e pra foder mais um pouco o careca tira Rafael Pascoal e coloca o frangueiro, cara que nos fodeu na Copinha, Ronaldo!!!

      • Menos, Taubaté… Também não concordo com Ronaldo no elenco e postei aqui que era um absurdo um goleiro de base eliminar o time e ganhar uma vaga no profissional como prêmio, mas se o jogador está à disposição do treinador tem que ser usado como todos do elenco.

  2. Uma base bem trabalhada pode dar bons frutos é questão de tempo e busca por garotos que tem potencial, de nada adianta trabalhar um garoto sem potencial algum só por indicação.

  3. O problema é: o mesmo torcedor que a anos vem exigindo pra colocar a molecada pra jogar (e com razão), será este o primeiro a descer a lenha com os resultados negativos!

  4. Faltou dizer que a Portuguesa tem revelado treinadores nos últimos anos.

    Márcio Zanardi esteve aqui em 2017, montou um CATADO no sentido literal em cima da hora, procurando atleta de porta em porta, e levou até o 4° lugar na Copinha eliminando a base do Palmeiras que já estava turbinada com os milhões do Paulo Nobre. Hoje está no Goiás e já colou no retrovisor do Santos na Série B.

    Fabio Toth, ex-colega do Alan Dotti, se firmou no Desportivo Brasil e quase subiu pra A2 esse ano. Ano passado já tinha colocado o time entre os 8 melhores e ganhou uma breve chance na Copa Paulista no São Bento, que vinha de rebaixamento.

    O próprio Alan Dotti já mostrou que tem capacidade pra treinar times profissionais, tem tática, mesmo em um clube com um sub-20 limitado financeiramente e estruturalmente (pela falta de categorias inferiores) consegue colocar em campo um time que sabe o que tem que fazer, disciplinado e concentrado, aliás não é isso que nós torcedores vivemos cobrando do futebol brasileiro, que seja profissional de verdade como o europeu?

    Mas o torcedor insiste em ser viúva de treinadores medalhões de retorno duvidoso…

    O trabalho fora das quatro linhas está excelente. Surpreendente até, pra quem precisa carregar uma camisa pesada sem recursos. Não fez dinheiro ainda? É verdade, mas estamos dando passos firmes, um de cada vez… Está faltando muito pouco pra Portuguesa finalmente revelar alguém que renderá um bom dinheiro e, mais que isso, visibilidade necessária pra fechar uma boa SAF e garantir o funcionamento de todos os departamentos de futebol.

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