Há reveses pedagógicos. Verdadeiras aulas magnas até. Porque, no futebol, as derrotas são implacáveis. Não pedem licença a ninguém. E colocam em xeque nossas mais profundas crenças. É assim desde sempre.
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Como dez entre dez torcedores da Portuguesa sabem, o Campeonato Paulista 2025 terminou para a Lusa do Canindé. Foi-se. Mas o que ficou? O saldo é positivo? É negativo? Ou ficamos no zero a zero?
Para chegarmos a essa e outra discussões, é necessário comparar a Lusa 2025 com os demais clubes na disputa. Para essa específica reflexão, não vale a linha reta comparativa em direção a Lusa 2024. Não vale. Não nesse caso.
Não vale, porque vamos misturar tecnicidades do campeonato do ano passado, do elenco da Portuguesa de 2024, da conjuntura dos demais clubes, enfim, não é possível colocar no mesmo balaio toda e qualquer circunstância.
Preâmbulo necessário, porque apesar de não chegarmos à próxima fase do certame, no meu entendimento o saldo foi positivo. Quer ver? Vamos lá.
- A Lusa se manteve no Paulista A1 sem grandes sustos desta feita. Ponto Positivo;
- Conseguiu o acesso à Serie D 2026 com tranquilidade. Ponto Positivo;
- Enfrentou um campeonato de um nível técnico melhor em relação ao ano passado, basta olhar como se comportou Corinthians, Palmeiras e São Paulo, todos reforçados, sem contar a reestruturação do Santos, agora com o Neymar Jr. Ponto Positivo;
- Montagem do elenco em cima da hora. Neutro, afinal virou Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no fim de 2024;
- Contratações de jogadores, que independente se possuíam bom scout, já se sabia o destino. Ponto Negativo;
- Do time titular base, perto de meia equipe era da Lusa não SAF. Ponto Negativo para quem apostava na perfeita formação do elenco e Positivo para Portuguesa de maneira geral;
- Apostou em um treinador jovem, cujo trabalho ainda me suscita pontos de interrogação. Cauan de Almeida tem crenças, boas crenças, mas invariavelmente peca nas substituições. E aí lhe dou o benefício da dúvida, porque não sei se é visão dele de jogo ou ausência de peças melhores à mão. Neutro;
- Um erro interpretativo de arbitragem nos tirou a chance de classificação. Falo do pênalti favorável ao São Bernardo no minuto 49 do segundo tempo e que fez com que a partida terminasse em 1 gol de igualdade. Negativo.
A meu ver, no âmbito geral, a história rubro-verde nesse Paulista foi ok. Satisfatória. Mas isso não pode mitigar a montagem equivocada do elenco.
A começar pelo sistema defensivo. Invariavelmente, vazado. Quarta pior do certame. Algumas peças ali, claramente, não funcionaram.
Ataque. Sexto melhor. Engrenou, depois que o treinador acertou a questão da titularidade, com Jajá, Maceió, Renan Peixoto e Cristiano.
Trocando em miúdos, se levarmos em conta que mais jogadores vão sair até o início da Série D, obviamente que a Portuguesa precisará ir a mercado e se reforçar com atletas afeitos ao nível da competição nacional que se avizinha. Porque Série D é força, não é técnica aprimorada. Se insistir na tecla de que a leitura acurada de scout vai dar conta, voltaremos à carga nesse mesmo certame em 26. Tique-taque… É só esperar.
Portanto, nem adianta tapar o sol com a peneira, porque a Série C é a linha que vai separar o sucesso do fracasso da Portuguesa em 2025. Se conseguir o acesso, sucesso. Se não tiver êxito, mais do mesmo. Nem digno de nota o será.
* Maurício Capela é jornalista há 28 anos. Comentarista, já trabalhou em diversos veículos, como RedeTV!, 105 FM, Tropical FM, Veja, Valor, Gazeta Mercantil.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NETLUSA