Foto: Marcos Ribolli/Globoesporte.com

Você tem todos os motivos para não ir com a fuça do presidente Alexandre Barros. Com dedo em riste e microfone na mão, o sujeito vociferava que sabia tudo de futebol e rotulava as gestões passadas- mesmo que cada uma tivesse apresentado um resultado distinto – de incompetente e, em alguns casos, de coisa muito pior, atingindo a honra das pessoas. O peixe morreu pela boca, como se sabe, e agora ele é espezinhado por ter prometido muito e entregado quase nada. Ou de fazer tudo diferente e acabar em mais do mesmo. “Tudo como dantes no quartel de Abrantes”, como no bordão ao qual ele recorria frequentemente.

Uma situação que sem demora abriu uma fenda no Canindé entre dirigentes, atletas e até mesmo torcedores. Tudo sucumbe a um caldeirão fervente, todos assuntos – até os mais banais – viram cavalo de batalha (uma coisa meio petralha versus coxinha, sabe?). Mas existe, no fundo, uma coisa que nos une: a Associação Portuguesa de Desportos. E é isso que não podemos perder de perspectiva.

Apesar de todos os erros cometidos no campeonato mais importante das nossas vidas, a série D, ainda há chances de classificação. São necessárias duas vitórias contra Bangu, no Canindé no próximo sábado (19h), e Desportiva, no Espírito Santo (no domingo seguinte, 16h), para conseguirmos chegar aos mata-matas e tentar manter a Lusa com calendário nacional em 2018.

Caso isso não aconteça será a primeira vez em quase 100 anos de história que estaremos fora de qualquer divisão do Campeonato Brasileiro – a indignidade final. Existe a alternativa de levantar a taça da Copa Paulista, mas isso parece cada vez mais distante – a palavra “campeão” foi rasgada do nosso dicionário. Outra forma de ter a vaga confirmada seria pelo Paulista, mas estamos estacionados na série A-2 há dois anos.


Portanto, tudo que peço é conseguirmos nos unir pela última vez. Dirigentes, atletas e torcedores podem esquecer aquilo que os separa por um bem maior. São apenas duas semanas, depois teremos a vida inteira para guerrear entre si. Há uma frase creditada a Paulo Machado de Carvalho, vice-presidente do São Paulo, chefe da delegação da seleção brasileira em 1958 e 1962 e que batiza o estádio do Pacaembu, sobre como “não era preciso se preocupar com a Portuguesa, que eles se destruíam sozinhos”. Não dói admitir que ele tinha razão?

Sim, somos náufragos em um Oceano de mágoas. Caso Héverton, sucessivos rebaixamentos, dívidas sufocantes, estádio interditado, vestiário rachado, acusações de todos os lados e tudo que a bile pode destilar. No filme ‘Um Domingo Qualquer’, que trata do futebol americano, um time fictício conta com problemas muito parecidos com os nossos. O extracampo enterra qualquer possibilidade de sucesso. O treinador interpretado por Al Pacino abre a real para os seus comandados: “Ou a gente se une como um grupo ou morreremos como indivíduos”. É exatamente esse o dilema que se apresenta a cada um de nós.

Confira o trecho de ‘Um Domingo Qualquer’:

Por Luís Alberto Nogueira

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