Foto: Divulgação

“Mauro, tenho algumas perguntas para você…”, eu dizia, antes de ser cortado. “Você tem as perguntas e eu, as respostas”, completou ele, aos risos. Assim começou o longo papo com Mauro Fernandes, novo técnico da Portuguesa, que tem a missão de conquistar o acesso à Série C do Campeonato Brasileiro.

Em entrevista concedida ao Portal NETLUSA, logo após o anúncio de sua contratação, o treinador, de 63 anos, falou sobre o acerto com a equipe do Canindé e se disse adepto de um futebol vistoso.

Fernandes analisou a situação dos técnicos atuais e o desdém com que tratam os nomes da velha geração, e garantiu estar atualizado com os métodos do futebol.

Substituto de Estevam Soares, o treinador, que assinou até o final deste ano, assegurou que chega à Lusa com o objetivo de ser campeão da Série D.


Confira a entrevista completa:

NetLusa: Com qual pensamento você chega à Lusa?
Mauro Fernandes: Entusiasmado demais. Tenho uma coisa na cabeça: ser campeão. Gosto desses desafios. Estou indo pela tradição da Portuguesa. Sei que o momento é delicado, mas vou com uma vontade tão grande que parece que é o meu primeiro clube na carreira. A Lusa tem quatro jogos e precisa classificar. Série D não é o lugar da Portuguesa.

NetLusa: Você conhece a Série D?
Mauro Fernandes: Essa Série D é a Série C de dois anos atrás. Fui campeão com o Atlético-GO (em 2008) e vice-campeão com o Vitória (em 2006). Não disputei a Série D, mas conheço de futebol e estou super atualizado. Vou tirar de letra.

NetLusa: Qual sua abordagem em relação ao esquema tático?
Mauro Fernandes: Você tem que ter um elenco. Não adianta nada eu falar que vou jogar num esquema e não tiver os jogadores necessários para atuar. O 4-1-4-1 eu já utilizava no Sport, em 1998. O time três volantes, Sangaletti, Lino e Wallace, sendo dois que saíam mais. Você precisa ter material humano. Vou fazer um esquema que faça a Portuguesa jogar.

NetLusa: Você é adepto do futebol bonito? Como enxerga isso?
Mauro Fernandes: É lógico. Gosto de um futebol bonito, bem jogador. Mas também precisa ser competitivo, ainda mais jogando uma Série D. Precisa ter um equilíbrio. E a Portuguesa tem pelo menos dois jogadores que fazem o time jogar bonito: Leandro Domingues e Marcelinho Paraíba. Os dois trabalharam comigo. No Vitória quando subiu, por exemplo, a equipe jogava no 4-1-4-1 e com um futebol bonito. O meio de campo era Preto Casagrande, Vander, Bida e Leandro Domingues.

NetLusa: Leandro Domingues e Marcelinho Paraíba podem jogar juntos?
Mauro Fernandes: Claro que dá. Quando você tem jogadores com talento, não pode abrir mão. São jogadores, mas talentosos. Tenho que armar um esquema que eles consigam produzir para a equipe. Não adianta eu falar para os dois toda hora atacarem e recomporem a marcação, senão eles cansam com 45 minutos. Tenho que ter o discernimento de escolher o melhor esquema tático.

NetLusa: E qual esquema seria?
Mauro Fernandes: Tenho na cabeça, mas não posso falar, né? (risos).

NetLusa: Você vem de dois trabalhos em equipes menores, sendo que o último foi há dois anos…
Mauro Fernandes: Sou um cara vencedor e fiquei parado porque fiz essa opção. No domingo mesmo eu recebi um convite para dirigir uma equipe na Série D e não quis. Tenho uma filha que fez quatro anos agora e eu quis dar um tempo para vê-la crescer. Recebi propostas do norte e nordeste, mas não quis. Nesse período eu fiz curso, dei palestra… Estou atualizado em relação ao futebol. A grande escola para o treinador é pegar quatro ou cinco campeonatos para assistir e ver o que há de mais moderno no esporte. Parece que depois dos 7 a 1 da Alemanha no Brasil [na Copa do Mundo de 2014], as pessoas querem reinventar o futebol. Parece que acabou ali e que só a Alemanha fez o certo. E não é assim.

NetLusa: Acha que depois dos 7 a 1 os treinadores da velha geração perderam espaço?
Mauro Fernandes: A verdade é que eu vejo que nos treinadores, a classe, fomos muito covardes com o Felipão. Colocaram tudo nas costas dele e respingou até no Parreira. Isso afetou bastante o brasileiro. Quando o Brasil perdeu por 7 a 1, não foram só o Felipão e o Parreira que perderam. Os treinadores brasileiros perderam.

NetLusa: Acredita que pode ser um recomeço para você, assim como o Vanderlei Luxemburgo no Sport?
Mauro Fernandes: Estou muito feliz por ele (Luxemburgo) ter voltado para o futebol no Sport, porque é um time que vai dar condição para ele voltar a ser o Vanderlei que era. Claro que tem uma diferença entre a primeira e a quarta divisão, mas, assim como ele, é uma oportunidade para mim, igual está sendo com o Abel Braga (técnico do Fluminense), de mostrar que os treinadores mais antigos não desaprenderam.

FONTELucas Ventura

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