Fotos: Dorival Rosa/Portuguesa

A última ladainha das redes sociais quando se trata de Portuguesa é dizer que a campanha de 2016 não tem muita diferença da realizada pelo clube no ano passado. Pode parecer incrível, mas existe esse tipo de afirmação que se apega a um único dado concreto: em 2015, não houve o acesso para a série B. Portanto, por essa lógica, nada se aproveitou. É o mesmo princípio, comum no Brasil, que vaticina o segundo lugar como o primeiro dos últimos – ah, como eu gostaria de entrar uma máquina do tempo e voltar a 1996, por exemplo, mas aí é um outro assunto, muito mais agradável…

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Bem, a fim de esclarecer que a campanha de 2015 da Lusa foi muito superior a do ano corrente, não é preciso fazer equações muito complexas nem ser especialista em física quântica. É só se despir de preferências políticas e se ater à verdade fria dos números. No primeiro turno do ano passado, o clube somou 14 pontos. Nessa primeira metade de campeonato de 2016, encerrado na derrota em casa para o Tombense, foram 8.
Pode não parecer muito, mas é um abismo em um campeonato com o formato da série C, em chaves de 10 e com apenas nove rodadas por turno – metade das séries A e B. É a diferença entre lutar pelo acesso (o que aconteceu em 2015) e brigar para não cair (caso de 2016).


Quanto aos números, há outros indicativos importantes: para conseguir a classificação para o playoff na série C, um clube deve alcançar algo entre 28 e 30 pontos, o que o time de 2015 conseguiu e estava na média na virada daquele torneio. Para escapar, a matemática pode ser ainda mais apertada: desde 2012, apenas um clube do grupo de sul/sudeste escapou da degola com 16 pontos (o Guaratinguetá, no ano passado). Ou seja, a tendência é que a Portuguesa precise melhorar seu aproveitamento no segundo turno para ficar na Terceirona em 2017. Para não correr nenhum risco, é preciso estimar quatro vitórias a fim de somar 20 pontos ao fim da competição.

Aos mais esperançosos, ainda há possibilidades matemáticas de classificação. No entanto, vai ser necessário um aproveitamento de Barcelusa – ou até maior – no returno: para igualar a campanha de 2015 e carimbar a classificação, ou seja, chegar a 30 pontos, a Portuguesa necessita de sete vitórias e um empate em nove jogos. Vendo o futebol apresentado pela equipe você apostaria uma camisa em homenagem à seleção portuguesa – aquela verde-água – nisso?

A despeito do que dizem os números, que já trazem preocupações o bastante, há ainda outro fator mais grave, já que o futebol transcende a matemática. O que se vê no Canindé é um time sem competitividade – muito semelhante ao que aconteceu em 2014, em que a Portuguesa conseguiu quatro vitórias em 38 jogos, o que parece desafiar a lógica em qualquer campeonato. A explicação aqui é simples e tem a ver com tendência: a pressão de ser o clube mais tradicional da série que disputa o torneio funciona como mola quando as coisas estão bem e como bigorna quando a massa desanda.

Será que agora deu para entender a diferença entre 2015 e 2016? Na verdade, a comparação – dentro, fora de campo e na tabela de classificação – é com a última série B, de triste memória, que a Portuguesa disputou. Tomara que a história tenha outro desfecho. Ou melhor, o mesmo desfecho: a série C garantida no ano que vem.

Por Luís Alberto Nogueira

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