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OPINIÃO: Oh vida, oh azar

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Foto: Dorival Rosa/Portuguesa

Todos lembram da hiena Hardy dos desenhos animados, um pessimista convicto e que sempre avisava de antemão que qualquer plano não tinha a menor chance de dar certo. Não consigo pensar em outra expressão para sintetizar o estado de coisas da Portuguesa desde o fatídico Caso Héverton, na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013.

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Sim, a escalação suspeita (e até hoje mal explicada) do atleta suspenso e que determinou o rebaixamento para a série B pode ser classificada como um fator desestabilizador indiscutível. Seria normal ficar um tempo juntando os cacos da paulada que a Lusa tomou na cabeça, afinal, além do impacto financeiro, teve também o debacle moral. E também não há o que discutir sobre a imagem que o clube deixou para a sociedade.


No entanto, mais do que isso, o Caso Héverton acabou se tornando uma desculpa para todos os fracassos da Portuguesa nos últimos três anos. Uma discurso pronto, fácil, perfeito para disfarçar outros erros que foram se acumulando.

A última série A-2 é sintomática: depois da frustração com a eliminação no playoff da Série C diante do Vila Nova, o clube teve meses para arrumar soluções e planejar o acesso no Campeonato Paulista. As contratações deixaram o torcedor desconfiado, entretanto, a defesa da continuidade do trabalho de Estevam Soares era contundente por parte da direção. Ela não resistiu à segunda rodada com a derrota em casa contra o Juventus. Posteriormente, tentaram quebrar o galho com treinador interino, que até os quiosques do Canindé (não as pessoas curtindo um lazer ou fazendo churrasco, as instalações físicas mesmo) sabiam que não teria condições de levar o time durante a competição. Pior, o regulamento da competição limitava o número de inscrições, o que fez uma eventual correção de rota ainda mais difícil.

Demoraram demais, viram o time perder pontos à vontade e agora nos vemos na luta contra mais um rebaixamento – a classificação virou, como de hábito, uma possibilidade apenas matemática. A comparação com rivais como Velo Clube e Batatais, praticamente garantidos na fase decisiva, é avassaladora: é quase certo de que eles tiveram menos dinheiro para contratar jogadores. Quanto à desmoralização após humilhação nos tribunais, a torcida já deu demonstrações de que se recuperou mais rápido do que o clube – tem uma média de público razoável, ou pelo menos, muito maior do que o futebol apresentado merece. Ou seja, a chave está na boa e velha competência.

Portanto, dessa vez, amigos, chega de desculpas. As costas largas do Caso Héverton não suportam mais.

Por Luís Alberto Nogueira

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