Foto: Dorival Rosa/Portuguesa

O Canindé parece preso nos círculos do inferno de Dante. Ou é o local na Terra mesmo feito sob medida para desmentir a máxima que ajudou a eleger o deputado federal Tiririca (“Pior que está não fica”). Em meio a um turbilhão político, a Portuguesa volta aos holofotes de forma depreciativa por conta do seu grupo de jogadores – enquanto um trio cometeu gafe nas redes sociais, o capitão do time ganhou evidência não por levantar uma taça e sim pelo fato de ir ao estádio para torcer por outra agremiação – e dar um infeliz depoimento comparativo.

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Material farto para polêmica. E dá-lhe discussão sobre o comportamento ético dos atletas: qual seria o limite entre o profissional e privado? É um dilema que todos com contas a pagar e reputação a zelar precisam lidar no dia-a-dia e aí vai uma dica – quem tem inclusive um contrato de imagem propriamente dito, tem de ser ainda mais cuidadoso.


No entanto, o que mais me chamou a atenção a respeito dos dois casos interligados não foi o aspecto ético, que tem justificativas razoáveis para todos os gostos. E sim o significado dentro do contexto atual da Portuguesa, que o quarteto tanto conhece. A equipe não conseguiu sequer se classificar entre os oito primeiros na segunda divisão do Paulista, uma grande desonra para o clube, que havia disputado duas vezes essa competição anteriormente, sendo campeão em ambas.

A relação entre elenco e diretoria havia entrado em ebulição dias antes. O técnico Ricardinho foi “rifado”, e alguns atletas chegaram ao cúmulo de sugerir publicamente que não se empenharam após declarações na imprensa em que o comandante colocava a culpa do fraco desempenho na baixa qualidade dos seus comandados. Com isso, podem ter sacrificado sucesso coletivo e da instituição que representam em segundo plano por causa de uma rusga particular. Um desastre total.

As duas últimas partidas em casa, contra os rebaixados Rio Branco e Atlético de Sorocaba deixaram uma péssima impressão. O último, inclusive, citado na jocosa comparação com o River Plate (vale dizer que a partida foi 0 a 0, resultado suficiente para mínima e melancolicamente afastar a Lusa de uma inédita série A-3) .

E nem assim, com tanto motivo para constrangimento e até uma reavaliação das próprias carreiras, já que provavelmente eles se deveriam considerar isso ao serem superados por concorrentes com currículo e vencimentos muito menores do que os deles, como Batatais, Barretos ou União Barbarense (que superaram as expectativas e chegaram a classificação), os jogadores se resguardaram. Nas declarações e nas postagens, não demonstram nem um pingo de frustração por não terem alcançado aquilo que se acreditava ser o objetivo profissional imediato. Estão, no mínimo, conformados. Na pior das hipóteses, indiferentes. O que esperar de funcionários cuja performance criaram dificuldades e frustrantes resultados para sua empresa? Não precisa de luto. No mínimo, tristeza. Talvez vergonha. Ou pelo menos, respeito. Mas não fogos de artifício.

Por Luís Alberto Nogueira

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